Cansa ser recreacionista, pintar livros de desenhos, recortar e colar imagens do encartes, ou professora, lecionando números e letras, e até mesmo psicóloga, sobretudo quando o mais velho perde as estribeiras e os limites, quase arrancando os cabelos frente a uma espinha, ou um criptograma mal-resolvido. Me pedem uma paciência enorme, que nem existe em mim, e um aprendizado constante, várias tentativas psicológicas e uns testes para ver o que realmente funciona para enfim calma, paz.
Daí uma princesinha tão frágil, e um pouco bipolar me olha assim e fala, sem cerimônia "Sabia, eu gosto de ti". E olha com aquele olharzinho penetrante e negro, forte e fica firme olhando, olhando, e sorrio. E diz "Fica aqui comigo". E fico, fico ali com ela, deitada na cama, as duas cansadas no final do dia, cantando cantigas velhas e de roda, dos saltimbancos. E me dá a mão, me abraça carente, e penso que é necessária tal parcimônia, faz bem dar carinho assim, pois no fundo elas ainda me admiram, por mais difíceis que pareçam na maior parte de todos os momentos. Lembro então de todas as vezes em que as duas cantamos felizes, ou dançamos pela rua, de maõs dadas, mochila nas costas e bonecas ou ursinhos nas mãos. Ou quando levava tal monstrinha na ginástica rítmica, trovaca o uniforme colegial pela malha e sainha, sapatilha, comprava lanche e era retribuída como a melhor irmã do mundo, frente à todas as coleguinhas invejosas e filhas únicas, que talvez não saboreiem nunca a cumplicidade desse test drive que faço para a maternidade. Uma irmandade que beira à de segunda mãe, bem como ela me chama: dinda. Também quando inventávamos histórias de princesas, de fadinhas, ou eu simplismente contava à esse docinho de gente o próprio enredo de tal menininha, que vi nascer cabeluda, quase desaparecida em tantos pelos, cabelos, e se fazendo grande, crescendo e saindo da cabeleira preta, ao castanho claro que no verão vira quase loiro dourado.
E hoje de manhã, os olhos deitados na cama, o jogo espalhado entre os lençóis, e a vozinha "Não vai ali no computadoi (reprodução exata), fica aqui tumigo que eu vo sina (ensina) tu, tá?" E fiquei ali, sem saber se ria, ou sorria. Me sentindo orgulhosa de tanto carisma, de tanta adoração e com vontade, a melhor irmã do mundo.
Muito lindo, cami...
ResponderExcluirO carinho que tu sempre deu para os dois é de se admirar. Tu é uma irmã-mãe. E por mais cansativo que pareça, sempre vale a pena.
Um beijão em todos!
texto lindo, lindo mesmo!
ResponderExcluirparabéns ;D
beijão
Ser irmã mais velha não é fácil.. nos estressamos por qlqr coisa, eles nos atrapalham sempre e parece q escolhem a hora mais errada p qrer conversar e mesmo levando patadas diárias eles (irmãos mais novos) nunca desistem da gente.. e é isso q amolece nosso coração (as vezes).. não importa o quanto a gnte os maltrate eles sempre nos perdoam e nunca vão deixar de qrer ser como nós oq nos dá uma responsabilidade tamanha..ter que dar o exemplo aquele pequeno ser que acha que nós somos super - heróis, que nos admiram até qndo fazemos as maiores burradas. Como disse Pedro bial: "Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro."
ResponderExcluirO texto tá muito bom mesmo. Parábens Camila
Own mô desu...!
ResponderExcluirQue coisa mar fofa.
Qrida ter uma irmã tb...^^