Tudo bem, eu admito. Compro. E gasto demais enquanto compro. Vou contar desde o início como essa sina toda começou: um belo dia, começa-se a estagiar. Sim, você fará uma faculdade e, já que quer se mostrar independente e crescida para os pais, além de ter o próprio dinheiro e mais autonomia no ir e vir da porta de casa sem dar satisfações ou pedir grana emprestada, você começa a trabalhar. Algumas horas por dia, aprendizado na área em que futuramente atuará, e no final do primeiro mês, seu primordial e primário salário. Mesmo que a quantia seja pequena, que pro Eike Batista e suas ações represente algo próximo de dois centavos ou uma coceirinha de segundos, você já imagina uma vida de possibilidades onde a carteira pode ser aberta com felicidade toda vez que se faça desejável: poderá comer fora quando e onde bem entender, comprar todas as roupas e sapatos possíveis do univeros, o que antes precisava de choro e drama aos genitores (pior ainda se você tem irmãos, pois a regra do "o que dou a um, devo dar a todos" já se encontra no biotipo de quem escolhe ter filhos), sair para quantas festas sobrar fôlego, disposição e vontade, enfim: o mundo parece seu. Mas não é.
E sabe por que não? Pois existe um pequeno tropeço, uma pequena armadilha em que todas nós, mulheres, estamos muito mais tentadas a cair que os sensatos rapazes. Tem nome, e parte-se em três palavras que compõe o anjo e demônio dos dias nossos: cartão de crédito. Faz-se um, e parcela-se, o que faz com que sentir o preço das aquisições acabe ficando para todo mês, no letal dia escolhido para que a fatura chegue, se arrastando aos meses seguintes em que as compras foram sendo divididas. Os preços passados pelo objeto divididos então entre limite, jurus e boa parte do seu precioso salário. Cheguei a ter seis cartões (nem todos de crédito, porém, que me fizeram ter contas e mais contas, mensalmente). Farmácia, lojas de conveniência, grandes magazines: só por ganhar um mísero capital, a gente se julga capaz de pagar por tudo. E ganho pouco mais de um salário mínimo. Porém, existe a tal a sensação da compra. Que é inenarrável. Quero ver entender, quem não se acostuma a ter tudo que antes não podia nas mãos, a pegar aquele vestido que ficou per-fei-to, levar até o caixa, assistir com olhinhos brilhando ao processo de decodificar o produto e ver a compra ser aceita - tudo para sair da loja sacolejando a beleza para despir à noite. Impossível. Os econômicos não entendem; por vezes, julgam. Aquele perfume de coisa nova é totalmente essencial, assim como as duas sapatilhas levadas para casa numa só semana, e os três casaquinhos de cashmere em promoção, tão bonitinhos e de bom caimento (ainda que já seja primavera, precisamos pensar a longo prazo, oras).
Quando brigo ou me frustro, ao invés de atacar a geladeira, eu congelo a razão e vasculho minhas faturas on-line - que agora são de apenas dois cartões de crédito, mas que incomodam ainda assim - para ver se posso curar um pouquinho do que me entristece me sentindo ainda melhor. Vale supermercado, ida ao salão de belezas, aceito até mesmo brindes ou amostras grátis. Mas a possibilidade de se embelezar a vida com algo novo, a diferença de se sentir mais mulher, mais criativa e com um armário que dê opções para noite, dia, sapatos, bolsas e jóias e artefatos que nos deixem com tal sensação de poder que, mesmo que o mundo caia, que levemos um fora, que a família nos esqueça, o mundo pareça um lugar habitável. Se conhecesse Becky Bloom, talvez nos tornássemos além de boas amigas de compras, confidentes de compradoras compulsivas. Tentando melhorar tendo ao lado quem compreenda o delírio que o cheiro de peça nova devasta sob nós, clientes ávidos e endividados a longo prazo.

Comecei a trabalhar a uns 2 meses, e como é bom receber e sair pra gastar, não pedir dinheiro pros pais (*--*), ir pra todo lugar que me der vontade. Realmente, não a sensação melhor que essa.. Não fiz cartão de credito AINDA por falta de tempo.. e como já fiz conta sem ele, vou ter que esperar mais um tempo pra fazer! hahaha.
ResponderExcluirMuito bom texto, adoro o blog! :D
;*
cartao de credito com limite é a melhor terapia!!! rsrsrs
ResponderExcluirO que posso dizer? :P hahahahahaha
ResponderExcluirei, entendo perfeitamente essas vontades de comprar.
ResponderExcluirHoje mesmo não resisti e lá vai parcelamentos e o "choro" na hora que a conta vem.
Mas fazer o que né? Não vivo sem. ;)
putz.
ResponderExcluireu comecei e enlouqueci.
ñ entrei no spc, pq ficava pagando o triste valor mínimo.
aos poucos fui me livrando.
então, chegou o dia em que quebrei os cartões d crédito.
isso faz, sei lá, uns três anos.
hj tenho apenas um. e já cheguei a uma fatura misérável maior q meu salário.
felizmente, ñ sei pq, acho q me contentando com minhas roupinhas velhinhas, a fatura veio pouco mais d cem reais este mês. e quero DISCIPLINAAAAAA. o espírito da boa samaritana calçado com velhos chinelinhos.
meu deus.
é terrível.
e eu só queria comprar...
Acho que quase todo mundo que começa a trabalhar passa por isso. Mas com o tempo a gente vai aprendendo a controlar a grana e a nós mesmos.
ResponderExcluirbeijos, coração.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirVi esses dias a foto desse post e achei o máximo. A frase é perfeita né? Não sou uma consumidora compulsiva, costumo ser bem controlada. Mas não da pra negar: o mundo fica melhor quando fazemos uma comprinha. Meu cartão de crédito vence mês que vem, e metade do meu salário vai só para pagar alguns livros que comprei. Inclusive um dos livros é 'Os delírios de consumo de Becky Bloom'. Tomara que eu não vire uma consumidora compulsiva, hahaha! Beijão lindona, bom fim de semana.
ResponderExcluirAaaa como eu ando aguardando meu primeiro emprego/salário pra poder me deleitar com as compras..
ResponderExcluirahahahah coooomo me identifiquei com isso e lembrei do meu primeiro emprego!
ResponderExcluirEu pensava exatamente assim! Coisa boa poder comprar o que se quer, a hora q se quer, gastar o rico e precioso dinheirinho, por mais que pouco, mas da maneira que quisermos sem precisar dar nenhuma explicação.
É uma sensação inexplicável. E como faz bem!
Claro, nada que seja extremo é bom, mas de vez em quando acho válido.
Beijão e muuuuita inspiração pra ti!
hahahhahahha ameiii ahhh e esse filme define nós mulheres seguindoooo
ResponderExcluirme siga tbm
http://dicasdadacy.blogspot.com/
Je-sus MUITO EU! Teve um mês que até o dinheiro da passagem para ir trabalhar eu torrei hahahaha tive que pedir emprestado pra minha mãe depois!
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