Os discursos na hora do jantar acabam sempre em algumas perguntas que não sinto a melhor vontade de responder: mas onde é que tu gasta tanto dinheiro? Táxi é caro, mas em bebida? Nas entradas de festa? Anda se drogando, Camila? Eu, que só tenho comprado da China em excesso e gastando um pouco mais em diversão porque sou solteira escuto então um chorume sobre as economias todas de uma vida amorosa mais estável onde eu sairia menos, pouparia meu sono e miraria o foco pros objetivos palpáveis da vida. A última das prioridades da minha lista é achar um cara pra se ter algo sério, mal sabe ela. Tem o fulano que eu vejo uma vez por mês quando ele vem pra Porto Alegre, um que outro que saio uma vez no mês e o que está sempre na volta e até sinto alguma coisa mas nunca daria certo nada sério, nem em sonho; tampouco em utopia. Outros que não vingam e não passam de uma noite e nada mais, fantasmas do passado a quem dou uma chance de realidade, rapazes que me adcionam e me acham gata mas nunca rolou uma oportunidade de algo a mais in vivo. Tirando a parte de não ter um amigo com benefícios nessa lista de possibilidades flutuantes (algo que ando procurando com afinco, diga-se de passagem), dá pra ser feliz e se divertir bastante - que mais eu poderia querer depois de me foder tanto por quase um ano até ficar estável novamente, oras?
Mommy não compreende. Dona Gê quer a todo custo que eu me arranje com um certinho bacana e que more sozinho (ela acha essa parte importante, diz que ao menos independente o garoto tem que ser), deseja paz, sossego e a minha felicidade que, na conta dela, inclui dar e receber amor, possuir relações duradouras com bons mocinhos que me proporcionem uma vida tranquila, jantarezinhos a luz de velas, casar com 27 anos pra aos 30 conceber o primeiro filho - esse tédio todo embebido num marasmo que já decidi não ser pra mim faz horas. "Tu não cansa? Sempre as mesmas festas, as mesmas pessoas?", ela me questiona, como se vivêssemos numa cidade minúscula do interior do estado (e o que nem assim justificaria). Eu não vou me agarrar a qualquer criatura meio blasé ou que não faça brilhar algo aqui dentro por puro vazio ou comodidade. Se a carência é a mãe da roubada, o tédio, com toda certeza, é o pai. O bom é que a loucura, esse charme que tenho aceitado ser meu e ponto, me safa de sossegar por aí em qualquer canto.
O que ela não sabe é que, antes de qualquer coisa, eu preciso ser a primeira a desejar sombra, água fresca e dormir com pijama de boy próprio. Rebelde que sou, vai ver que é no momento em que ela declarar falência, justo na semana em que desistir da falácia romântica que já decorei, é aí que alguma chance de o coração bater atropelado ocorra. O que talvez ela duvide é que, invariavelmente, onde, por que e quando pintar por aí, mamãe - essa ansiosa - vai ser a primeira pessoa a saber. Numa manhã de quarta-feira, eu com os cabelos enredados da noite anterior e apenas um dos cílios postiços, antes de subir pro quarto e morrer antes de dormir.
O que ela não sabe é que, antes de qualquer coisa, eu preciso ser a primeira a desejar sombra, água fresca e dormir com pijama de boy próprio. Rebelde que sou, vai ver que é no momento em que ela declarar falência, justo na semana em que desistir da falácia romântica que já decorei, é aí que alguma chance de o coração bater atropelado ocorra. O que talvez ela duvide é que, invariavelmente, onde, por que e quando pintar por aí, mamãe - essa ansiosa - vai ser a primeira pessoa a saber. Numa manhã de quarta-feira, eu com os cabelos enredados da noite anterior e apenas um dos cílios postiços, antes de subir pro quarto e morrer antes de dormir.
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