Passada a minha indignação inicial, a qual não sei se prefiro tomar um remédio pra dormir até a frente fria chegar, ou ficar vendo televisão jogada nas almofadas, eu tô confusa. Não, não é mais nenhuma infantilidade, ou qualquer comportamento pueril, inconsequente que vem me tirando o sono. Fora o calor, é a faculdade. Complicado reproduzir aqui o meu drama, e o meu pensamento sempre tão ilógico, e ainda essa idéia de sempre saber o que queria da vida, e faltando um mês pra esse renascimento, o baú dos medos assim escancarado, segredo descoberto. Medo de decepcionar meus pais, pagando uma grana alta por mês, sem saber se vou gostar com certeza do curso, e ainda os mil livros e códigos que o Direito exige. Dá pena dos pais, tão idealistas ou quase profetas, premonitórios, mil sonhos em torno de uma pessoa que quer fazer tudo, que tem um senso estético refinado, e a Moda. Ama mais do que tudo escrever, e as Letras. Tem fome de notícias, e o Jornalismo. E essa ânsia em saber tudo de comportamentos, dar conselhos e estar tão aberta à analisar pessoas, a Psicologia. E a escolha mais difícil, que talvez eu não me enquadre, e que vou cair quase que de para-quedas na universidade, o Direito.
Desde pequena, eu prefiro mil vezes comandar, do que receber ordem alguma. Liderança nata, assim diziam. Tive até minha fase rebelde, onde nem meus pais, munidos de compreensão e conversas longas, conseguiam me fazer mudar de idéia. Nunca servi com sorrisos, e gostei sempre de pensar por mim, fazer diferente. Com o cérebro que, graças a Deus, funciona à mil. E as defesas. Nas aulas, sempre defendi os injustiçados expulsos, e que eram antes de colegas, meus amigos. Fazia parte dessa turminha, e quando não era eu a banida, exilada, argumentava até cansar professores e auxiliares, educadores. Não fui exemplo de aluna, só no último ano e olhe lá..E nos debates em aulas de história, ou programas de empreendedorismo, me destacava. Sem dúvida alguma. Respostas na ponta da língua, tenho. Atitude enérgica, forte e de posição, sempre. Nunca fiquei em cima de muro nenhum. Ou me atirava no fracasso, ou caía nos louros de qualquer ação bem-sucedida, escolhas intuitivamente certas, ou posições cheias de princípios e ideais. E pela minha personalidade forte, pelo pensamento duplo-ativo, essa mania de tomar à frente de tudo, tomar decisões pelos outros, todos sempre falavam: tu é a cara do Direito. Cara? Que cara? Posso ser complicada, mas não me sinto como uma pessoa cansativa, extensa talvez como os livros e aprendizados que a graduação pede.
Olha, minha família é só de comerciantes, praticamente. Não tive contato algum com leis, protocolos, processos e Fórum, Fazenda, Ministérios. Só aquelas reproduções bizarras que vemos em filmes ou novelas, seriados, e que sabemos ser tão fantasiosas ou irreais, que não vale a pena nem cogitar qualquer crença em tais cenários. Sempre tive vontade de andar por aí sofisticada, salto alto, pasta na mão e um armário lotado de saias cintura-alta, tailleurs de combinações possíveis, camisas estruturadas e uma infinidade de sapatos. E minha mãe, o meu lado racional, e que me lembra sempre das dúvidas que a gente deve colher em momentos decisivos, o outro lado da moeda, me lembra sempre: advogadas, juízas, promotoras; todas são exemplo de finesse, classe e sofisticação. Mil exemplos já vistos, das clientes da loja, e etc. Eu sei, eu sei. Ia detestar também, a idéia de viver da arte, das escritas, e andar toda maltrapilha, alguns luxos deixados de lado em prol de sobrevivência e higiene. Fácil falar agora, antes das decisões tomadas, mas depois de diploma na mão, e a caça de empregos, é um pouco tarde pra lamentar.
Ficou combinado então, depois de expostas as minhas minhocas, que curso um semestre, e se me apaixonar, se ver que posso ser feliz tendo tantos outros hobbys na mão, e um emprego fixo, que talvez me distraia dessa sentimentalidade toda por horas, que seja, fico nas Ciências Jurídicas. Caso contrário, faltam só quatro! Apenas quatro, para escolher entre uma. Ainda que o coração fique dividido entre a Moda, o Jornalismo e as Letras. Psicologia fica sendo meu eterno laboratório humano, que ajuda a escrever e aceitar melhor, tanto eu como as outras pessoas à minha volta - peças atrasadas de um quebra-cabeça sem fim.
Decisão complicadissima e mesmo quando é tomada acaba não sendo né? Já disse, mas parabéns pela escolha e sucesso! beijinho
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