2016, eu escolhi amar você

12.14.2016 -


Um tanto zoada a mania das pessoas em acreditar que muda o ano, muda a vida. Se os horóscopos (sim, no plural) me prendiam pela manhã e as simpatias feitas nos últimos dias do ano, parei. É abrir espacinho para a espiritualização que a paz se faz constante - mas isso é papo pra uma outra data. Enquanto todos se ocupam em difamar, tratar mal e cuspir em 2016, eu o abraço.

Se fizer uma retrospectiva do comecinho do ano até hoje, é capaz que digam que nem sou a mesma pessoa; tanto no físico, quanto no emocional. Finalmente achei meu equilíbrio. Redefini minha rota profissional. Morei em cinco lugares diferentes para acabar o ano num apê que, de certa forma, é também meu. Desfiz amizades, inclui muitos outros no potinho de adorados e só tenho muito, muito a agradecer antes de dormir. 2016, eu escolhi te amar!






Pode ter soado cafona tanta maravilhosidade pra um só ano, mas no processo de mudanças tão vulcânicas, me vi ferida aberta. Eu não sabia pra onde ir, tinha certeza nenhuma do que fazia bem e me sentia um pouco folha em branco: dali, só rascunharia pra acertar os ponteiros comigo mesma.

São Paulo, mais uma vez, se revelou a chave disso tudo. Quando a gente volta, retorna com uma fibra que nunca desenvolvi antes aqui. Foi graças a dois mil e dezesseis que me virei na selva como deu, (re)encontrei minha tribo e tenho mais pequenas conquistas que derrotas no caderninho. Vou odiar um ano desses como?

As dicas que daria pra viver um '17 pleno seriam poucas, seriam curtinhas: 1) viva o hoje, 2) agradeça antes de dormir, 3) confie, confie. Ah, e construa. Aos pouquinhos, aos trancos, em slow motion. Mas comemore cada pequeno tijolinho que for posto pra pavimentar o seu caminho, único. Esqueça os horóscopo, se assim fizer você mais são e realista.

Coloque o cinto e vambora: se você não trocar uns miúdos aí dentro, não adianta pular sete ondas que vai ser a mesma bosta.

Não, eu não sou só uma garota legal

12.11.2016 -

Mickey, de Love, é a mina mais ~cool girl que não é cool coisa nenhuma da ficção: antes de tudo, ela é real.

E no fim das contas, não adianta: eles firmam algo sempre com minas mais quietas, mais sãs; menos curvilíneas, menos problemáticas. Do que me vale ser a mina gostosa e massa com quem eles pensam exclusivamente em se divertir?"

O ~mito da cool girl~ é desses forninhos pesados de segurar. O crush vê você no rolê, tão sem amarras e muito menos escrúpulos e logo calcula: com essa daí rola umas loucuras. Na cabeça desses boys, o lance vai ser leve, apenas quando eles tiverem afim e cheio de horas na cama, ideias ilógicas e entorpecentes.

Fosse Jessa uma pessoa de carne e osso, também cairia nesse rolê errado que é ser considerada daora, mas só até a página 2.

Parece fácil, rápido e leve. A liga é quase que imediata: você curte os mesmos sons que o cara, usa maquiagem mas não muita e investe na sensualidade, porém sempre com aquela quebra tomboy. Você é garantia de falta de tédio, você prima pela igualdade, você mantém as suas opiniões com firmeza. Come o tanto quanto ele, bebe ainda mais e carrega aquela sede de aventura ad eternum.

Você gosta de esportes, você consegue ter papos complexos, você chama ele pro rolê e é benquista pelos amigos da rodinha. Você sensualiza até onde não cabe e não perde a classe quase nunca. Reclamar que ele dá perdido, esquece de responder ou desmarca em cima da hora? Isso não existe entre vocês. Assim como algum rótulo do que é/se tornou a relação. Supimpa.




Parece um capítulo à parte escrito por Hemingway e dirigido por Scorcese, até que: você lembra que junto dessa maravilhosidade que é, possui sentimentos. E assim que o queridinho nota, já era. Por mais boa gente que você seja ou foco não esteja nele e num possível relacionamento. Mostrou a pontinha de um coração receptivo, quente e confy, cabou. Se tiver uns desgraçamentos da cabeça então, fodeu. Evita falar que vai ao psiquiatra, esquece aquele papo de kardecismo. Mina firmeza é mina des com pli ca da, entende?

E é aí que a gente percebe: legal pros caras é aceitar demais e encher pouco o saco e muito o copo. Fulana não me dá dor de cabeça parece frase de senhor casado  há eras, mas nunca foi tão contemporânea entre os caras de 25-35. Porque, sim: você não é só uma garota legal que age tudo nos conformes pra ganhar biscoito de macho.

Você também chora fácil, baba em cima de crianças pequenas e curte bordado, colagem, tricô. Você conhece o seu lugar de fala e acabou de se encantar com uma nova religião. E segue apenas a você mesma nesse jogo de o mestre mandou da modernidade. Quer atitude mais massa que essa?

🍦

Uma calça de cintura alta é um elemento empoderador!

12.09.2016 -
Num é que nois ainda fica gatinha, mesmo de calça jeans? Até que rola.

É de ciência mundial (risos) que não sou fã de calças. Passei anos com um ou dois modelos no armário - e só. Já muito falei sobre isso, já muito discuti o assunto, já inúmeras vezes ouvi interrogações enormes e fui taxada de estranha/complexada por ser tão apegada a meias-calças, vestidos e saias. Tudo bem. Tudo mudou a primeira vez que experimentei um desses jeans de cintura altíssima que andam sendo vendidos por aí. Me rendi.

Pra que você, talvez, me entenda precisamos voltar algumas casas. Décadas. Além de ser a menina mais alta de todas as turmas que estive no Ensino Fundamental, era agitada demais. Tenho pernas compridas, coxas grossas e essa inquietação de querer ser livre. Ou seja, fazia birra pra não usar fusôs, cottons e nada que atravancasse os movimentos. Pobre da minha mãe, que todo inverno comprava meias de lã e era obrigada a ceder às mimações de uma tiraninha em criação.

A adolescência nos anos 00' foi ainda menos prazerosa. Pra quem eram feitas aquelas calças de cintura baixíssima se não para uma Britney de barriga chapadíssima em Slave 4 u? Para mim, abarrotada de hormônios, corpulenta demais e rebelde até o último fio é que não. Toda vez que era arrastada para comprar roupas novas era o mesmo suplício. Me faltava licença poética pra estar por fora daquelas modas cheias de suplex, bolerinhos e tamancos (bleargh).

Eis a ~barriga negativa~ que fodeu a cabeça de 9/10 garotas no doismilismo.


Minha redenção, mesmo que tardia, veio só no ano 2010: olha, agora vai ser ~cool usar cintura marcada e fio 40. Passa a não existir mais roupa-de-inverno/roupa-de-verão. Vai, imita a Zooey Deschanel que tá tudo lindo. E, finalmente, eu descobri que tinha umas curvas da hora, uma cintura de pilão e podia ficar bem com peças que não me achatassem. Foi o começo de tudo.

Vi minha autoestima renascer e o consumo desenfrear. Voltei a curtir tudo que fosse rodado, marcado, sensualzinho - e me fizesse sentir bem. Aprendi sobre limites, cartões de crédito e tamanhos. Voltei algumas casas e também consegui me inserir no rolê das compras conscientes. Porém, se ainda penso pouco nos pés e invisto muito nas "brusinhas", mantinha vivo o temor pelas calças; em especial, as denim.

Apaixonada pelos looks sessenta e setentistas, resolvi provar uma. Flare. De um azul bem chamativo e com as bocas largas. High waist, preço ótimo, passa no débito, moça. Saímos juntas algumas vezes, mas não era amor - configura aqui dentro como esses lances mal resolvidos que poderiam ser incríveis, mas por alguma subjetividade, não vingam. Havia poder ali, mas não o suficiente pra me fazer largar mão do calor do náilon preto.


Em casa, porém, ainda sigo sem vontade de usar nada. Acontece.

Foi só na Forever 21 (quem diria!), num sábado à tarde de outubro. Aquele temor da jovenzinha frustrada de um lado, a segurança da recém-adulta-dona-de-si noutro. Vai ficar ótima. Pego 28 ou 29? Essa cor é boa. Nossa, quero! É com esse jeans que eu vou conquistar os boys - as vagas de trampo, os comentários de banheiro feminino, o mundo. Uma calça jeans cintura alta pode ser um elemento muito do empoderador. É tirar a sua do varal, vestir ambas as pernas, sentir o botão perto do umbigo e vencer por aí!