Uma calça de cintura alta é um elemento empoderador!

12.09.2016 -
Num é que nois ainda fica gatinha, mesmo de calça jeans? Até que rola.

É de ciência mundial (risos) que não sou fã de calças. Passei anos com um ou dois modelos no armário - e só. Já muito falei sobre isso, já muito discuti o assunto, já inúmeras vezes ouvi interrogações enormes e fui taxada de estranha/complexada por ser tão apegada a meias-calças, vestidos e saias. Tudo bem. Tudo mudou a primeira vez que experimentei um desses jeans de cintura altíssima que andam sendo vendidos por aí. Me rendi.

Pra que você, talvez, me entenda precisamos voltar algumas casas. Décadas. Além de ser a menina mais alta de todas as turmas que estive no Ensino Fundamental, era agitada demais. Tenho pernas compridas, coxas grossas e essa inquietação de querer ser livre. Ou seja, fazia birra pra não usar fusôs, cottons e nada que atravancasse os movimentos. Pobre da minha mãe, que todo inverno comprava meias de lã e era obrigada a ceder às mimações de uma tiraninha em criação.

A adolescência nos anos 00' foi ainda menos prazerosa. Pra quem eram feitas aquelas calças de cintura baixíssima se não para uma Britney de barriga chapadíssima em Slave 4 u? Para mim, abarrotada de hormônios, corpulenta demais e rebelde até o último fio é que não. Toda vez que era arrastada para comprar roupas novas era o mesmo suplício. Me faltava licença poética pra estar por fora daquelas modas cheias de suplex, bolerinhos e tamancos (bleargh).

Eis a ~barriga negativa~ que fodeu a cabeça de 9/10 garotas no doismilismo.


Minha redenção, mesmo que tardia, veio só no ano 2010: olha, agora vai ser ~cool usar cintura marcada e fio 40. Passa a não existir mais roupa-de-inverno/roupa-de-verão. Vai, imita a Zooey Deschanel que tá tudo lindo. E, finalmente, eu descobri que tinha umas curvas da hora, uma cintura de pilão e podia ficar bem com peças que não me achatassem. Foi o começo de tudo.

Vi minha autoestima renascer e o consumo desenfrear. Voltei a curtir tudo que fosse rodado, marcado, sensualzinho - e me fizesse sentir bem. Aprendi sobre limites, cartões de crédito e tamanhos. Voltei algumas casas e também consegui me inserir no rolê das compras conscientes. Porém, se ainda penso pouco nos pés e invisto muito nas "brusinhas", mantinha vivo o temor pelas calças; em especial, as denim.

Apaixonada pelos looks sessenta e setentistas, resolvi provar uma. Flare. De um azul bem chamativo e com as bocas largas. High waist, preço ótimo, passa no débito, moça. Saímos juntas algumas vezes, mas não era amor - configura aqui dentro como esses lances mal resolvidos que poderiam ser incríveis, mas por alguma subjetividade, não vingam. Havia poder ali, mas não o suficiente pra me fazer largar mão do calor do náilon preto.


Em casa, porém, ainda sigo sem vontade de usar nada. Acontece.

Foi só na Forever 21 (quem diria!), num sábado à tarde de outubro. Aquele temor da jovenzinha frustrada de um lado, a segurança da recém-adulta-dona-de-si noutro. Vai ficar ótima. Pego 28 ou 29? Essa cor é boa. Nossa, quero! É com esse jeans que eu vou conquistar os boys - as vagas de trampo, os comentários de banheiro feminino, o mundo. Uma calça jeans cintura alta pode ser um elemento muito do empoderador. É tirar a sua do varal, vestir ambas as pernas, sentir o botão perto do umbigo e vencer por aí!




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