A moça que não tinha personalidade

12.02.2011 -

O cabelo, cópia das garotas mais velhas e antenadas que realmente sabem o que fica bem em si mesmas, e então, mudam. O gosto musical, aos poucos se tornando igual ao da melhor amiga, misturado ao do namorado, e das primas que vivem longe. O estilo em se vestir, observado milimetricamente a cada peça de roupa que garotas autênticas ou que imprimem personalidade ao seu estilo pessoal usam: e claro, compra parecido, tenta combinar igual. O que resulta apenas numa tentativa mal acabada de querer ser um pouco de cada, e a escolha estúpida de deixar de ser ela própria: uma caricatura sem animação particular. Um esboço pintado sem empréstimo prévio ou permissão alheia.

Opinião é algo que costuma desconhecer. Se tem, não exprime. Quando expressa, nunca é algo que a própria mente construiu, baseada em bagagem cultural ou fatos passados - mas sim, que viu por aí, e escolheu seguir feito Maria que vai com todas as outras no bando. Geralmente, são bonitinhas. Mas mesmo quando de uma beleza extrema, algo falta: uma marca registrada, um encanto às vezes secreto e valendo ser até mesmo misterioso, mas que a faça também diferente numa sociedade onde todos buscam, ao invés de igualdade, participar do denominador comum. Lê apenas auto-ajuda que não contribuí intelectualmente ou best sellers no topo das vendas, afinal, a melhor recomendação para essa garota é a de massa: aquela onde se encontra a maioria, e que pensa ela, que será mais aceita se fizer parte. Mostra mais a maquiagem, feito máscara (quase fortaleza) onde esconde os próprios gostos, a fala livre e as diversas manias que deve ter, do que o jeito apenas seu, mesmo que peculiar, de ser - e que não se deu ainda a chance de descobrir. Uma personagem a cada dia, nenhum amor real e consistente, que veja lágrimas, se apaixone pelas diversas feições, e fique: amam é o corpo, tentam mas não por muito conseguem sentir o mesmo pela individualidade. Dá pena.

Sabem, eu tenho pena dessas moças que esquecem que ter uma personalidade vale muito mais que ter um corpo enxuto e bonito, ou o cartão de crédito dos pais para quando precisarem. Porque, assim que o mundo pedir que apresentem os motivos de porque aqui estão, geralmente, mal elas sabem. A rebeldia que encenam é sempre inspirada nos seriados e telenovelas em alta. As diversas facetas que mostram ao mundo, resultado para quem não possuem uma mesma que seja híbrida, mas que se adapte facilmente em qualquer ocasião. Ligar pro que os outros pensam, uma constância na lista de preocupações. Como marcar alguém com tanto clichê? Photohop para a maneira singular de se existir, não existe ainda, querida. Vá, corra atrás do que verdadeiramente alimenta o seu eu interior que quer viver em liberdade e por cima das tantas fantasias que você cria mesmo serem melhores do que é. Arrume a bagunça que se formou por entre preferências e jeitos, cores e filmes, e selecione para tocar no tempo presente o que fizer de você também uma exceção: o feio não existe, excêntrico é algo individual, ser um pouco peculiar, às vezes - ou em boa parte do tempo - também faz rir e recompensa. Agora, aprenda.

5 Comentários:

  1. E viva a inspiração! :)
    Estou sempre correndo e fazia tempo que não conseguia passar aqui, uma pena, porque vou ter que correr atras de seus textos que não li.
    Adoro!
    Beijinhos!

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  2. Dó dessas cascas vazias de personalidade. Sempre tentando imitar o singular alheio, o coisa frustrada e irritante de se ver!

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  3. Que triste ser alguém assim; talvez seja até tarde demais para algumas pessoas e elas não consigam mais construir a própria identidade.

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  4. Conheço MUITAS gurias assim, sem opinião, que seguem massas e principalmente a forma de se vestir. Querem, mas não sabem combinar, não entendem que nem tudo lhes cai bem. Adorei o post, e a foto combinou direitinho. Beijos

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  5. É bem verdade. A parte boa é que alguns casos, é só fase. Daqi a pouco acaba! ;)
    Muito, muito bom!
    =*

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