As mulheres de Madison Avenue

5.13.2015 -

Foi-se a era de me gabar uma dessas pessoas inatingíveis pela atmosfera dos seriados. Muitíssimo por acaso, decidi clicar e iniciar toda uma história de envolvimento com Mad Men. Era um domingo qualquer e, pra variar, o tédio tinha me flechado: cobertas, pijama e chocolate quente. Eu, Don Draper, Peggy Olson e Joan Harris. Sim, eu acompanhava GoT como quem até gosta, mas pode tranquilamente perder o episodio inédito de domingo à noite da HBO. Quanto a Girls, o feeling era parecido: admirava – e muito! – cada personagem e suas andanças, trocas de órbita e amadurecimento, contudo, vi a muitos episódios com atraso e sem aquele brilho nos olhos que a serie da AMC me proporciona.

Mad Men é ideal para mim em cada detalhe: por se passar nos anos 60, pelo figurino da época, seu soundtrack maravilhoso e por ser, ainda que não obviamente, uma serie sobre mulheres. Os caras maus, publicitários, jornalistas, escritores, contadores, eles todos se curvam a affairs furtivos, moças aventureiras no mercado de trabalho, racismo, igualdade salarial e outros temas sempre tão bem ambientados com cigarros numa mão e old fashioned em outra – com uma pedrinha de gelo apenas, por favor.

Há moças desejando mais que um casamento, subir na carreira. Há negras sendo contratadas por grandes agências, há meninas rebeldes e sua primeira menarca, há mulheres pedindo o divórcio e outras largando aptidões onde obtinham sucesso para se jogar no mundo das artes. Há traições, gente sendo demitida a cada episódio e insights bem bacanas para quem estuda/trabalha/vive de comunicação. Há, acima de qualquer coisa, identificação; seja com falhas de caráter de algum personagem, situações já vividas ou defeitos que fingimos não ter. Queremos desesperadamente que algum Don apareça e desgrace nossa vida. Desejamos a todo custo o foco profissional de Peggy. Rezamos antes de dormir pra quiçá, algum dia, adquirir o charme irresistível de mulher falar da Mrs. Harris. 

Esse seriado mal chegou na minha vida e já toma pra si uma parcela que quase nem tenho para mim mesma: algumas horas da minha noite, mini maratonas aos finais de semana, meu inconsciente no universo dos sonhos. Que vai fazer brilhar minhas pupilas quando acabar os vestidinhos sessentistas de bom gosto, as Nancy Sinatra que tocam em fim de episódios, o enredo tão bem tramado, escrito e dirigido? Ótima pergunta. Talvez essa Kimmy inquebrável que tem pipocado horrores na timeline, quem sabe a boa esposa que me foi indicada. Vale até a reviravolta que é se encantar novamente com as meninas ou o jogo dos tronos todos. Qualquer realidade que seja possível me incluir é uma fuga na rota!






1 Comentários:

  1. Nossa que textos ótimos , adorei todos em,
    Adoraria ter você participando do projeto em meu blog, o PROJETO: TEXTOS, POEMAS E CRÔNICAS !
    Vem participar !
    http://atraspenteadeira.blogspot.com/2015/07/projeto-textos-poemas-e-cronicas.html

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