A China até que é um país bacana, pirralhos.

11.02.2015 -

A China é um país que me dá arrepios. Quando traço futuras rotas e salvo imagens de lugares que pretendo visitar futuramente, excluo o país mais populoso com fácil desprezo. Medo de gente parecida demais, medo de carne de cachorro, medo dos ideogramas que me enganarão, talvez, pra sempre. Medo, aliás, de um lugar onde a política contra-irmãos figurou até semana passada - essa parte do jogo, queridinhos, parece que virou mesmo (ainda bem).

Os chineses agora vão poder ter pequenos bebês asiáticos como filhos de mesma mãe, o que é magnífico. Lembro o quanto desejei Matheus, o quanto e quantas inúmeras vezes pedi, por favor, que meu irmãozinho nascesse logo. Testemunhei uma gravidez interrompida aos cinco anos e a tristeza dos meus pais. Também pude ser cúmplice, adiante, da surpresa de ser irmã tão mais velha assim que anunciaram que Alícia vinha na sequência  - teve o drama da pré-adolescente que odiava a ideia de ter que dividir o quarto e questionou o uso de camisinha pelos pais, porém, logo nas primeiras idas à obstetra a ideia de figurar como mentora daquela menina ainda minúscula me goleou.

Enquanto líder da trupe, encabecei ótimos momentos, como os cafés da manhã na cama para dona Gê, os clássicos infantis dos anos 90 que ambos deveriam assistir, o gosto musical que tentei, ainda que em vão, passar adiante. Houve também reuniões dos três rebentos acampados no mesmo quarto ou sala de estar, as rebeliões por pizza no lugar de feijão, a cumplicidade em poder reclamar como o pai se parece cada vez mais com Homer e a mamãe anda gaga ultimamente. Por todos esses motivos, vibrei ao saber de uma China que agora é favorável à procriação.

De tão, tão distante, fico feliz que esteja liberada a zoação de dizer que o irmão mais novo foi adotado, usar as crias menores de cobaia em experimentos mirabolantes, ter a quem repassar roupas antigas e conselhos adquiridos, tombo pós tombo. Os anos de saco cheio por levar a culpa de tudo e ter que dar o exemplo a cada momento valem o preço da cumplicidade adquirida - e crescente, aumentada - ao longo dos anos. A China até que é um país bacana, pirralhos.

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