Matheus, não seja um desses caras

11.27.2015 -


Há vários caras escrotos por aí, você sabe? Bem, espero que lembre dos tempos onde suplicava pela sua presença antes de dormir e ficava dissecando e, às vezes, dando risada das barbáries que esse tipo de otário proferia. Ou, ainda pior: praticava em cima da minha boa vontade. Era um tipo de sacode ouvir a sua voz, tão menos experiente, tão mais racional me alertar sobre a tal ingenuidade de fábrica, peça original. Todos os dias eu torço pra que você tenha aprendido um pouco sobre como se tratar bem uma mulher, um cara, qualquer alvo de paixonite aguda ou possível relação sentimental.

Matheus, usar camisinha é importante. Por mais "limpa" que a pessoa aparente ser, por mais cheirosa que seja a pele atrás da orelha e grana seus pais tenham no banco, nem sempre ela se cuida como deve e está livre de DST's. Matheus, milhares de mulheres são abusadas diariamente, seja pelo verbo, pelo físico, pelas roupas que usam, por onde andam, por suas experiências. Existe um tipo de gente que se faz se boazinha, mas ao fingir que vai cuidar como amigo numa bebedeira ou bad trip, se aproveita sexualmente do mais vulnerável.

Vivem por aí seres escrotos que puxam cabelo de garota em balada, se sentem atraídos por meninas negras, porém, não as namoram, riem de mulheres trans, pegam a gordinha sexy apenas entre quatro paredes, no escuro.Ah, e há também uma galera que se faz de descolada, de esquerda, pró-feminismo, mas apenas até a página 2: quando reunidos em seus grupinhos de machos-alfa, cidadãos evoluídos que fumam demais e escutam jazz, desandam a desqualificar tudo quando é menina do rolê. É, pode acreditar, mano. Mas, Teddy, a gente aprende a reconhecer essas criaturas de longe e evita a vibe ruim, o julgamento desnecessário, o cansaço que dá ter que provar a todo minuto que é boa o suficiente.

Você deve lembrar, Matheus, daqueles caras que eu atraio, sempre tão inseguros porque gosto de sexo e tenho iniciativas, quase nunca maduros o suficiente pra idade que figura no RG. Passei meses, quiçá anos de solteirice até entender que existia mais culpa deles dentro da frase "não demos certo" que qualquer responsabilidade minha. E foi como experimentar a primeira colherada de um doce chamado liberdade: hoje, só me conecto a quem me dá mais horas de bateria, que tira. São desses aprendizados que a gente só resolve de olhos fechados depois de ser reprovado algumas vezes, acredite.

Matheus, escrevi tudo isso pra que você reflita, mas também pra que você lembre: das noites que chorei acordada e me senti bizarra, errônea, estúpida, gorda; dos dias que questionei padrões e fui tida como doida; das manhã onde dormi demais porque era difícil segurar firme o fardo da rotina. De todos esses rolês pesados em que me enfiei, como irmã mais velha, pra que você assistisse um pouco da tortura e nem quisesse experimentar. Faça parte das estatísticas do bem, pelo amor da Santa Camila. Não que ela seja virgem ou coisa parecida, mas lhe garanto que ela ainda tira o melhor até mesmo dos ogros de estirpe mais baixa.

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