Às garotas que se apaixonam fácil

5.22.2016 -


Tá tudo bem. Sério, tudo ótimo. Importa bem pouco o que as outras pessoas pensam. Ou, quando dizem: "Mas outro? Mas de novo? Mas por que?". Nem todo mundo consegue empatizar esse superpoder que é ver o melhor nos outros e querer mergulhar em cada personalidade, corte de cabelo ou história interessante ali, à frente.

Tá tudo bem, mesmo. E que ótimo, olha só: hoje você tá aí, sofrendo por Rodolfo; amanhã passa e sexta-feira você pode até sair com o Carlos - e se apaixonar, e sair do tédio, e sentir alguma coisa novamente. Ou não. Mas, logo, uma conversa sincera demais ou uma química explosiva a fazem ficar de quatro, de peito aberto, de dedinhos ansiosos que mandam mensagens e esperam respostas. Imagina a vida cinza de quem segue tudo na linha e critica cada possibilidade encantadora à frente? Então.

Tá tudo bem, também. Ué, nem todos conseguem mutar intermante, costurar feridas rapidinho e sangrar por dois dias, mas estar numa boa na terceira manhã. Dá pra ter os dois pés fora do chão, sim, só que com alguma cautela - as quedas nem dói mais tanto, e você já decorou a rota pra voltar à si mesma. É bonito, é bom, é saudável ter a glândula dos afetos funcionando e se sentir viva a cada par de tênis masculinos grandes demais jogados no chão do quarto.

Tá tudo bem, estou dizendo. Você não precisa equilibrar mais de dois caras como pratinhos chineses, sendo que um deles pouco interessa. Você pode sentir todos esse arco-íris e estar louca pra desvendar ainda mais de uns encontros que foram mágicos. Você não é menos porque suas paixões são intensas e fugazes e quase nunca dão pé. Pelo contrário: você insiste em ser furacão, ainda que todos ao redor estejam acostumados apenas a marolinhas. A grande questão é que os arquétipos aventureiros andam em falta, querida.

Tá tudo errado, acredite em mim. Com aqueles que veem homem apaixonado como fofo, mas mulher que sente qualquer centelha como louca. Com quem critica as galáxias internas alheias sem ter coragem de examinar a sua própria. Com quem foge da raia porque sentiu a profundidade das suas palavras e mensurou o nível de intensidade das suas águas. Tá tudo ótimo aí dentro, e é o que importa: tem sangue correndo, tem frio na barriga, tem umas ilusõezinhas, mas acima de tudo tem quem ache incrível tanto renascimento, risco e fogo.



1 Comentários:

  1. Adorei esse texto, adorei o blog... Talvez até tenha me identificado um pouco. ;-;

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