Eu só quero se for Bonnie & Clyde

5.10.2016 -



A real é que naquela combinação existia espaço pra apenas um protagonista. As garotas novinhas já se juntam, em bando, pra comentar "me beija" nas fotos que ele posta no Instagram - mesmo que as minhas sejam completamente mais apelativas (e sensuais). É provável que ele tenha uma guria em cada cidade, tal qual todos os músicos com alguma relevância na terra brasilis.

Nesse momento da vida, eu sou a menina porra louca que faz uns free-las de produção e tenta a sorte com sites próprios; zero estabilidade, tirando a cama na casa dos pais. Ele, no alto da sua relevância de líder de banda, mal teve tempo de ver em primeira mão o comercial que emprestei o rostinho pra marca gaúcha e ainda não rodou na televisão.

E, agora noto: jamais seria Bonnie e Clyde, dessas parcerias aventurescas, inseparáveis e podrinhas que admiro. Não tinha impulso nenhum de Johnny & June, ou John e Yoko - pelo contrário, tudo que ele deseja é uma menina low profile que fale baixinho, use jeans e camiseta branca larguinha e preserve aquele ar de mistério, que na verdade é mais falta de o quê contribuir. Toda essa vivacidade desajeitada e espontânea, meu grande trunfo, era incapaz de ser lida na linguagem autocentrada que ele falava.

Passei dias odiando a mim mesma numa reconstrução interna maluca para tentar redefinir quem diabos eu sou. Fugi de boys amáveis, ignorei caras bacanas até que finalmente consegui deslanchar um encontro que parecia razoável e valia o make e a grana investida. Atravessei o bar até encontrar o cara parrudo, germânico e animado. Ele sorriu e não era você.

Ele amou Spotlight - filme que detestei - e não era você. Ele me fez beber pouquinho e tomou coragem pra sentar na cadeira ao meu lado; decididamente, não era você. Falava sem sotaque (não era você), tinha fôlego e desenvoltura na cama (porém, não era você), enviou mensagem assim que chegou em casa, fascinado com a parceira de crime que visualizou nua, crua e sincera demais dentro daquelas horas (doeu, mas não era você).

O seu maior delito foi seguir pisando no meu coraçãozinho nem sempre aparente, mas pulsante e vivo de sentimentos esquizofrênicos a cada troca de foto ou novo post de Instagram. Onde não puderes amar, não distribua likes de compaixão. Não existe mina só gata e muito menos tadinha nesse guichê.

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