Quis morrer, era TPM

11.28.2016 -



"Cara, tu já notou: é sempre a noite que antecede à menstruação. Sempre. Eu fico agitada, sobe
aquele calor surreal, as mãos se tornam ansiosas, acordo de três a cinco vezes durante a madruga. E tenho vontade de morrer. Tipo, for real. Uns pensamentos suicidas muito loucos de que talvez nem valha tanto assim estar por aqui"

Era a terceira amiga pra quem eu desabafava sobre a pré-da-pré-tensão-menstrual. Uma disse entender perfeitamente, mas estar sem dormir há uns meses por motivos de nome negativado. Outra ou se fez de doida ou, de fato, é pessoa total diferente de mim: jamé que vou querer ir dessa pra melhor por umas cólicas e sangue coagulado.

A última complementou apenas com um "mas achei que você andava estável" - e foi mais que suficiente. Santo Google pai de todas as dúvidas corporais é que me deu colo e afirmou: há umas minas por aí que passam por lance parecido. Creditem. Dizem os estudiosos que o número exato de migas que se veem livre de tanta tristeza tão logo a menarca passa é
de 2% a 10%, by the way.





Poucos falam por aí sobre transtorno disfórico pré-menstrual, mas ele é uma realidade sombria pra quem tem útero e todo mês coloca pra fora as impurezas vermelhas. Meus rompantes de raiva são raros; minha deprê vira todos os holofotes para o céu cinza, o chá frio e os boys que não respondem. Tudo é motivo (em especial a mãe que fala pouco ou mal conversa por esses dias, inclusive), qualquer deslize me empurra pro buraco da Samara moderna.

Ou seja, além de carregar um diagnóstico e bolsinha de remédios por aí, vejo meu corpo ser tomado por um bando de hormônios rebeldes que quase tentam me fazer acreditar que dormir pra sempre é ideia das boas. Sorte a minha que dura apenas umas horas - sempre de pijama e dentes escovados, sempre de rosto limpo e olhos fechados.

Ainda bem que a gente quase se afoga, mas vive. O pós é muito sobre resgatar os caquinhos e reconstruir perspectivas e mantras. Todo mês, numa noite xis assinalada no calendário corpóreo daqui, tenho certeza que vou. Pra indigestão alheia, eu fico!

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