Fui a caminho de uma depilação e unhas marcadas no salão de beleza. Na rua, foi de uma escrotidão sem tamanho pedreiros, entregadores de gás e demais motoristas buzinando, tentando me bolinar e dizendo bagaceirices sussurradas. Me senti nu. Eu, que achava mais um dos dramas femininos sentir nojo ao invés de orgulho em frente a uma atitude dessas, agora dou razão às mulheres. Foi um saco a manicure palitando meus dedos e canibalizando as carnes em volta da unha. Coloquei esmalte preto mesmo, num protesto meio indireto a essa moda de azul, amarelo e verde, coisa homem nenhum curte. E a depilação? Me dói só de comentar. A cera esquentando, a depiladora me vendo peladão ali, e o susto no puxão. Um atrás do outro. Queria gritar, mas mantive minha macheza intacta. A tortura é praticamente espartana. Dirigindo até o trabalho, também me assustou a quantidade de xingamentos e preconceito quanto ao dirigir. Ouvi centenas de "só podia ser mulher" e "volta pro fogão". O qual, depois de ser assediado pelo chefe e pelo porteiro do prédio comercial no rotineiro e ter que aguentar amiga falsa no emprego, tomei conta para o jantar.
Parece simples vendo na televisão aqueles pratos que os chefs preparam. Só que não. Na prática, é bem ao contrário. Assinalado para a noite, frango ao molho de champignon com arroz à grega e Caesar salad. Tudo muito complexo cortar direitinho, isso em cima daquilo, mexe aqui, desliga ali e espera até que a outra parte esteja pronta. Calor, fome e ainda mais ter que deixar a mesa arrumada. Enquanto esperava ela chegar. E que demora. Liguei uma vez, disse que estava a caminho (só não em que rua exatamente). Dez minutos pareciam duas horas. Me senti como qualquer moça se sente quando um cara se atrasa, e sinceramente, que chatice. Eu ali, Amélia. Pra minha surpresa, não parou por aí: o rio vermelho resolveu chegar justo neste momento. Não tinha ideia de como inserir aquele mini objeto chamado O.b. Achei um daqueles absorventes mais normais e coloquei. Cólica, que dorzinha insuportável. E nada da querida chegar. O jantar na mesa, eu exausto, e recebo apenas um sms: "não vou poder ir aí hoje, querido. te ligo amanhã, ok?". Raiva, revolta (deve ser algum desses resquícios de TPM), e todo esforço pra porra nenhuma. Resolvi tirar a maquiagem, colocar um daqueles pijamas minúsculos que elas vestem - e juram que serve pra alguma coisa - e ir dormir, frustrado. Mas com um aprendizado: moleza nenhum no dia de quem nasce sem nada no meio das penas e pelos no peito. Completa uma das missões mais impossíveis que já desempenhei, admito: mulheres, guerreiras são vocês. Sexo frágil somos nós, que numa gripezinha já quase ficamos de cama por dois dias inteiros e que, se obrigados a manter o pique com tantas tarefas complicadas, não conseguiríamos. Prometo nunca mais ironizar quando você reclamar de dor ou cansaço, e cuidar de você sempre que der.
Ass: Homem machão que merecia pelo menos uma semana nesse ritmo de vida e aprendeu a lição

Adorei Camila! Muito homem além de ler esse texto, deveria pelo menos, fazer uma das nossas árduas tarefas.
ResponderExcluirNossa, excelente! Ser mulher é dificil! Como a gente sofre! Homem nenhum aguenta metade do que a gente faz! Um viva para nós, mulheres! :D
ResponderExcluirAdorei,super criativo o texto!
ResponderExcluirBeijos!
Mas ah guria, cansa de me supreender não? Usar a "visão de um homem" passando por tudo o que a maioria das mulheres fazem para garantir a o bem estar com o próprio corpo foi muito criativo da sua parte. Meus parabéns :*****
ResponderExcluirMUITO BOM! Com certeza, todos os homens deviam ter essa experiencia hein...
ResponderExcluirExperiência que todo homem deveria ter como obrigação. Muitos aí ficariam mais compreensíveis! Amei a idéia, o texto!
ResponderExcluirAplausos! Muitos aplausos! Cara, todo homem deveria ter o dia da mulherzinha! ô se tinha!
ResponderExcluirE deveria ser assim: Quanto mais ironizar nossos esforços, mais cólica! Não entende a TPM? Mais duas depilações! hahahaha
Seria cômico se não fosse trágico.
Otimo, sem mais.
Hahahaha muito bom!!!! =D
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