Carrego em mim uma prolixidade incompreendida. O erro infantil de confiar de braços abertos e olhos fechados em quem gosta de me ver cantar a pedra errada por aí. Opinião para tudo nunca me fez tão bem assim, e Maysa, todos tem achado que, assim como tu, também falo demais. Da fossa das minhas ideias eletrizantes, faladas, até a bossa de um veneno que embebo eu mesma, da boca maior que o pensamento, da língua afiada mais veloz que o raciocínio. O crime que cometo é sempre dilacerado do muito que enfeitam e pouquíssimo real como deveria: colocam querer nas intenções que não tive. Estendem minhas palavras até um discurso inexistente.
Poucos dão conta de quem, de tão transparente, quase nem existe mais. É numas de tentar se explicar melhor, corrigir os erros, que quem fala demais mesmo tomba para apenas bem depois ver o mundo cair, junto com a ficha corrida de frases impensadas, contos despudorados, o não dever dizer que saí, para depois virar rancor e mágoa, roubar o lugar secreto daquilo que deveria ficar calado para dar à culpa um trono condizente. Dessa minha falha, terrível defeito, a maldade não faz parte. Vê na minha ingenuidade o cruel quem desejar. Mal sabem que é quando enlouqueço - sem razão, remorso e nenhuma vergonha - que faço da pane no sistema o momento perfeito para uma solidão reflexiva cheia de ensaios para acertos futuros. Uma pena.
Tem que nos conheça bem o suficiente para saber que a cruz a qual mandam carregar é pesada demais, desnecessária. Há quem achasse que sabe com quem andava lidando, mas tamanhas picuinhas, mal dizeres, rebuliços, se perde na linha de um tempo que talvez nem volte mesmo. E existe o tipo de gente que tarde já sai do elenco, do qual a falta será bem-vinda e que por incompreender meu espírito verboso, difama. Tenta fazer a caveira de quem tem tecido demais ainda a se desfiar. E mesmo excessiva, palavrosa, é íntegra.
O brinde merece ser feito aos poucos, mas maravilhosos, especiais, que dão conta dessa demasia, da nossa urgência autêntica de quem é mulher, independente, ativa e com um engate em especial para a visceralidade que o mundo não hoje suporta, nunca aguentou. A consciência de tantos erros e acertos, das consequências e dos estragos está de pé, alucinada. Assim como o desejo mais forte do que nunca de quem está preparada para colher o que lá atrás tiver plantado. Minha cara, assim como consciência, andam lívidas, de tão limpas. Leves. Livres. Porque entre o ir e o vir, eu prefiro o movimento. Ficar e partir, eu falo. Demais.
Nossa...esse post foi total pra mim! faziam semanas que não dava uma passadinha por aqui por falta de tempo e provas mil na facul...mas guriaaa...é exatamente isso! tmbm falo demais e quase sempre sou incompreendida por isso, ou até mesmo motivo de deboche! ¬_¬'
ResponderExcluirPra falar a verdade, no fundo no fundo, acredito que muitos tem inveja de termos esse dom de sabermos nos comunicar bem e não nos enrrolarmos com as palavras!
Adorei o texto! embora longe há umas semanas de passar por aqui, tu continua a mesma heim?! sempre surpreendendo a cada post! Congrats ;)
Sim sim sim, muito meu este texto. Eu falo demais também. Isso é fruto de personalidade forte, de quem não se cala em meio a injustiças, de quem não se conforma quando as coisas não vão bem, de quem é impulsiva mas que defende acima de tudo o ponto de vista. Isso ai Camila. ADOREI o texto, e usar Maysa foi de extrema inteligência. (como sempre) ARRASOU!
ResponderExcluir"Eu não falo porque quero salvar alguém. Eu falo porque gosto. Quem sou eu para salvar alguém? Eu é que tenho que me salvar!"
ResponderExcluirRenato Russo
E só!
Isso não é um defeito. Ser transparente, livre pra dizer o que quiser, livre pra abrir a boca e despejar opiniões, não, não é defeito. O defeito é de quem usa o que você diz contra você mesma, de quem transforma a tua qualidade em defeito. Isso só prova o quanto você tem personalidade. Querida Maysa, quantas e quantas vezes nos vemos em suas palavras...
ResponderExcluirEntre falar muito e falar sem pensar, não sei qual mania faz mais parte dessa minha impulsividade ariana, até escrevi no início do mês um falando no quanto eu falo sem parar.
ResponderExcluirE preciso falar que me identifiquei aqui? Não né.rsrs
Beijos.
Gostei...e tb sou assim, nunca peco pelo silêncio e sim por falar o que muitas vezes poderia ter ficado guardadinho aqui!
ResponderExcluirBjs menina!
Talkative apenas entre os conhecidos, pqe num outro grupo me calo completamente, vai entender.Mas uma coisa realmente ruim é quando '...colocam querer nas intenções que não tive. Estendem minhas palavras até um discurso inexistente.'Daí, quando estamos afim, desandamos a falar para explicar o mal entendido!Já era!
ResponderExcluir