Você dorme bem quando dorme com ele?

9.30.2015 -

"Mas, quando você dorme lá, na casa dele. Você dorme bem?", ela me perguntou. Engraçado que, a maioria das minhas grandes amigas, é mais velha - talvez uma herança da mania de querer desesperadamente chegar à adultice e ouvir demais da mãe quando criança "Tá, Camila, agora vai brincar um pouco que isso não é assunto de criança". Miúda demais pras conversas de gente grande, aprendi a me enfiar, ainda que escondida, para ouvir os assuntos dos mais velhos. Já maior de idade, cansei logo das amigas que tinham tão pouca experiência a me acrescentar.

Voltemos à pergunta que pesou o tempo naquele fim de tarde, uns cinco anos lá atrás. Eu dormia bem quando pegava no sono ao lado dele? Bem, não. Estávamos as duas amorosamente entusiasmadas naquela fase: ela, vivendo um amor na ponte-aérea que tinha tudo para dar mais do que certo; gostavam de bons filmes, apreciavam a mesma música e o sexo era incrível. 

Eu iniciava um affair que durou um tempo com um aspirante a jogador de futebol do time adversário ao meu Grêmio; tínhamos opiniões incongruentes sobre quase tudo, ele adorava sertanejo e eu ia apenas em baladas indies, a maioria das obras cinematográficas que eu adorava, ele nem ao menos conhecia. A química, contudo era ótima - aliás, me arrisco a dizer que era o que salvava aquela pseudo-relação. 

Caía no sono sossegada e calma quando dormia no Menino Deus? Que nada, pelo contrário. E foi esse alerta que comecei a observar toda vez que outro novo wannabe-qualquer-coisa cruzava o meu caminho. Se foi bruxaria dela ou mera sabedoria, chuto o segundo palpite. Como levar adiante um romance onde não se desfalece relaxada ao lado do moço, hein?

Comecei a notar: com todos os homens que passei mais de cinco noites, ria além da conta, sentia a liberdade de mostrar superfícies minhas não tão planas, soltava bichos, feras e papas da língua sem aspas nem ponto e, adormecia tranquila. Por horas. Sem zilhões de pensamentos confusos no meio da noite, sem levantar trinta vezes para ir ao banheiro, com o coraçãozinho fleumático, os batimentos ritmados, calminho. Acordava também descansada, as ideias no lugar, nenhuma certeza fora do barco. Foi aí que passei a levar essa máxima com seriedade.

Ei, você aí que tá saindo com boy novo, observe: você dorme bem quando dorme com ele? Sim, claro, às vezes, talvez. Você coloca a camiseta dele para pegar no sono e, de repente, rola uma insegurança que mata o ócio? Há segurança suficiente aí dentro para conseguir ser essa maravilhosidade toda que você, de fato, é assim que ele baba no travesseiro feito criança? Comece a notar se há, além do fogo, paz e acima de qualquer afinidades, conforto. Poucos amores duram tanto sem se conseguir sonhar, ainda que por algumas horinhas. 

A minha amiga hibernava ao lado do rapaz que ora estava em Porto Alegre, ora voltava pra cidade enorme onde residia. Não que eles ainda estejam juntos até hoje, mas posso dizer que foram felizes pra cacete enquanto a fábula durou. Acho que o que realmente importa é, na cama, querer mais cinco minutinhos.



Nunca seremos Jéssica

9.29.2015 -
De repente, me vi digitando para a minha melhor amiga: a gente nunca vai ser a Jéssica. Sutil, direta, simples: pra gente, esse benefício dadivoso não vai rolar, gata. Nos falta propensão, deu defeito na hora do parto, nascemos ambas sem o componente do DNA que faz os caras caírem de quatro e pedirem em namoro assim, às pressas, como quem precisa desesperadamente viver. Enquanto ela inicia mais um felizes para sempre, nós duas discutimos nossos fracassos românticos como duas pedintes analisam as sacolas do mercado alheia: com alguma inveja - ainda que, branca - e qualquer esperança de, quem sabe, um dia aí, ter a sorte de se sentir um pouquinho Jé.

A Jéssica, não imaginem vocês uma mistura de Megan Fox com Scarlett Johansson. Nada disso: beleza? Mediana. Engraçada, mas nada que faça a barriga doer de rir e as ideias se dissipar pra uma outra galáxia longínqua. Um bocado tímida, dona de cabelos escuros e a própria nem gorda, nem magra, nem lisa, nem ondulada, com algumas sardas e looks bastante blasés. E só.

É vista por aí lendo em ônibus circulares e comendo sorvete pelas tardes quentes da cidade. Banal a primeira vista, porém, proprietária de alguma feitiçaria que faz os rapazes se jogarem a seus pés e emanarem juras de amor logo após o terceiro encontro. Jéssica embala namoro atrás de namoro e, consegue sair amiga de todos os falecidos e queridinha pelas antigas sogras. É tanto (suposto) mistério que ninguém resiste - mal sabe o mundo que isso, é possível, esteja longe de ser um enigma; talvez seja apenas monotonia.

Se a visse por aí, aposto que você pensaria: mas, ué, o que tem essa menina de tão especial? Falta personalidade em meio a tanta calça jeans, sobra paciência e silêncio junto a toda uma santa paz inabalável, é a soma da passividade tão benquista pelos homens com a certeza de que, se não der certo esse, tudo bem, acho outro num estalar de dedos. Acontece que ela fala pouco, senta ereta, desiste de discutir seus pontos e aposta todas as fichas no próximo - cara, da fila.

Somos entediadas, decisivas, eloquentes, vulneráveis. Queremos hoje pra segunda-feira não fazer questão. Afobamos conversas, antecipamos sins e nãos e tempos pouquíssima paciência para ver brotar girassóis que morrerão por falta d'água na semana seguinte. É preciso de pouco sol e a vida em banho-maria pra sobreviver em meio ao soro líquido dos amores efêmeros. A gente devia é agradecer antes de dormir por ter recebido outros nomes.



Tipos de babaca, parte 2

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#004 O sniper babaca
Esse babaca dá nos nervos, mas algo na nossa genética falha e, quando damos por si, estamos presas na rede feito peixe distraído em maré baixa. Ele precisa provar, 220% do tempo, que é macho, adora mulher, ama sexo, transpira masculinidade e é capaz de conquistar qualquer donzela indefesa do rolê. Você promete pra si que não vai pegar, que vai ser firme e forte, que esse boy só vai trazer problemas. Porém, esperto que é, vai tateando pelas beiradas e dá o golpe final quando menos esperamos - cheio de romance, frases feitas e aquele toque de ilusão que poucas resistem (infelizmente). Você, pra variar, dá aquela chance amiga. Ele passa a falar de mulher na sua frente (e AI se reclamar, sua ciumenta), chamar suas amigas de gostosa enquanto você está perto e, descaradamente, atirar pra todos os lados, afinal, ele prometeu algo pra você? Não, né? Então corra pras colinas antes que seja tarde, miga!

#005 O babaca fantasminha
Vocês se conhecem. Se encantam. Saem, gostam dos mesmos drinks, ele também sonha em morar na praia. É fora do normal a conexão que você sente, como se estivesse em casa ao lado dele e pudesse aparecer de pijama de ursinhos, que nem isso mudaria qualquer coisa. Saem de novo. Se adoram. Ele pega a sua mão em público e é gentil. Até que, puft: começam as ignoradas nas mensagens instantâneas. Demora para responder. Este final de semana vai estar ocupado, sabe como é, tem um casamento no interior. Ok. As puxadas de conversa por parte dele, antes cotidianas, exaporam. Você se pergunta o que fez de errado: foi por que transei, ou por que não? Será que disse algo fora de contexto? Os amigos pareciam ter me adorado. Estranho. Ele realmente sumiu. O tempo passa. Novas noitadas, outras baladas, mil e um jobs. Outros boys, também. Ele reaparece, como se qualquer intimidade nunca tivesse sido cortada assim, sem explicação, repentinamente. Você quase toma um susto ao ver notícias dele nas notificações. Eis o babaca fantasminha. Você sai com ele, de novo. Tudo maravilhoso, pra variar. No outro dia, conversa sem graça. Na semana seguinte, silêncio. Qualquer hora - ou mês, ou ano - ele reaparece; a capa branca cobrindo qualquer sentimentalidade, a cara de pau charmosa de sempre, a babaquice plena.

#006 O babaca quero-não-quero
Esse tipo de babaca é um clássico e tem aos montes por aí - pessoas, por quê tão perdidas? Ele quer ficar com você. Fica. Tudo é bacana. Vocês se veem com alguma regularidade, a química é legal, ele se veste decentemente e põe bons sons no carro. Beleza. Tudo caminha em vias de algo mais sério. Primeiro, você conhece os amigos dele. Depois o cachorro. A faxineira. Os pais. Ok, vocês tem algo. O contato é direto e divertido. Até que o comportamento dele se torna estranho. Opa, o que houve, gato? A bomba: então, não sei se é isso que eu quero. Isso o que? Algo tão sério, namorar, magoar alguém. Logo aparecer as famigeradas desculpas: esse ano quero ficar solteiro, já me magoei demais com outras meninas, penso em mudar pro exterior em breve, estou trabalhando muito, etc. Você se afasta, afinal, melhor cortar logo (ainda que uma parte da gente morra junto com esse "e se"). Passa um tempinho, ele liga. Precisa ver você. Não guenta de saudade. Vocês se encontram. Parece que dessa vez a coisa anda! Tudo em paz, tudo ótimo, noite juntos. Na semana seguinte, estranheza novamente. Estou confuso. Preciso de um tempo. Gosto de você, mas queria algo mais leve. Eis o ciclo vicioso de algo que começa meio capenga e assim permanecerá, miga. Corre.



Prazer, trouxa.

9.28.2015 -


Se me apertar os impulsos, vou correr atrás. Se desejar de todo coração, é bem provável que me declare antes do café da manhã. E caso bata os olhos e sinta todas as borboletas se remexer no fundo falso da barriga, tomo a iniciativa - sem medo, burocracia ou primeiras intenções: pergunto nomes, puxo conversa, desenrolo a melhor das minhas performances. Ao meu ver, otimista, essa é uma faceta onde me permito ser corajosa, intensa, romântica. Para uma galerinha do mal por aí, contudo: prazer, trouxa.

O meu time sempre foi o dos azarados do bem: mesmo com a melhor dos quereres, às vezes atropelo sentimentos e acelero fases. Improviso palavras e autentico esquetes. No fim das contas, o dar de ombros e a conformidade em apenas uma palavra: azar; parto pra próxima sem nem ao menos me despedir. E fico triste toda vez que diminuem o amor, que apedrejam o bonito de algo que pode ser tão luz e tão pouco inferno em alguém. 

Experimente demonstrar um viés, um tequinho, um milímetro que seja numa conversa de bar o seu peito motorizado à vapor, a sua ingenuidade profissional, alguma das tantas ciladas amorosas onde caiu para ser resgatada por um aparente mocinho que a levaria a se esfolar de amor novamente, e por aí vai. Eles a olharão feio, haverá quem feche a cara, tem sempre alguém presente daquela alcateia onde se entregar é ridículo, se expor é pecado e ai de quem comece com discurso piegas por aqui.

O orgulho em ser racional. A altivez em não pertencer a essa doença tão sem precedentes, quiçá lógica. Toda essa maluquice evitada para viver vidas regradas e cheinhas de solidão, superfícies rasinhas, conversas banais. Pra que diabos arriscar? Ao fazer as contas, a ameaça da vulnerabilidade é gritante. Burros os que se jogam em águas duvidosas, perdedores estes que deixam a esbórnia e o não-apego atrás de l'amour, essa utopia. 

A tendência é esconder qualquer afeto sob sete chaves atrás de qualquer outro órgão onde não se encontre sóbrio, menos ainda embriagado e de telefone em mãos. E trouxas nós, que insistimos em crer num saudosismo de mãozinhas dadas e velhices conjuntas. Que outro adjetivo se não trouxa essa gangue pró-afeição que se recusa a participar do cartel blasé onde a magia contaminadora de dois olhares raramente pega? Trouxas todos esses que sorriem ao ver uma mensagem chegar e passam o dia breacos de êxtase porque talvez seja ele, pode ser que seja esse, vai ser ótimo caso sim. 

Trouxa de mim que choro em botecos e me declaro tão cedo, mudo de cidade por não saber conviver comigo tristonha a quase mil quilômetros de distância. Trouxa dele que estaciona o carro sob uma árvore na sombra e diz: eu quero entrar dentro de você. Trouxa o resto do mundo, que perde esse segundo onde ele penetra a camada mais funda em mim e nem é fisicamente; vocês nem imaginam o que estão perdendo. Prazer, trouxa.




André,

9.27.2015 -


Quando foi que houve essa virada no tempo e você começou a me tratar tão, tão mal? Há dias cinzentos onde acordo com a névoa e, enquanto caminho e bebo chá pelo apartamento, essa dúvida surge - junto a umas irmãs insuportáveis, como "Vai ser sempre esse romance lixo entre nós dois?" e "Ele não se sente mal, nem um pouquinho?"- e me corrói um pouco antes de ir trabalhar. Foi só sexo, diz a minha amiga. Se os fatos não tivessem rolado tão naturais e de pronta vontade, até apostaria minhas fichas em tanta racionalidade. A real é que adoraria respostas que você, escorregadio, assustado com a velocidade das minhas palavras, sempre fica por dizer.

Teve o beijo logo no primeiro semáforo fechado - eu e meu problema com sinais vermelhos e detalhes ultra-focados. Teve umas conversas onde você elogiou o meu progresso e os pés fincados no concreto paulista. Até algum carinho pela manhã: depois do cansaço, cada um jogado em um canto da cama; calor, exaustão, respiros prolongados. As suas unhas passando de leve sob o lombo das minhas costelas, aparentes, nuas. Se não foi um suspiro de amor, um segundo onde você conseguiu esquecer que sente pena e raiva de mim e eu não lembrei das escrotidões que você aprontou. Foi lindo sentir nossa pele conversar numa linguagem tão específica, tanto tempo à base de maus tratos, os corpos há mais de ano sem se assistir.

Então: carência, tédio, tesão? Uma pequena morte onde ressurgiremos em algum reencontro nos anos mais para frente - você arrependido por não ter se bem aproveitado da minha energia jovial e eu certamente segura, tantos caras depois, quem sabe assentada com alguém que me devote paz e café da manhã. Por que diabos tudo tão bem e, de fininho, a sua pior versão de intelectual trabalhador que vence na vida avisa que é melhor manter distância, tal qual fosse eu um cão raivoso, qualquer paciente com lepra amorosa em estágio avançado - o que é engraçado, afinal, se tinha alguma saudade viva em mim, ela era do seu pau -, você sabe? 

É louco que, talvez, sempre exista a distância entre nós dois: mudei pra cá um pouco pra ver no que dava ficar mais perto e ter dias incríveis perto de você, que agora se divide entre aqui e a terrinha do "ora, pois". É doloroso achar que poderia existir qualquer carinho, admiração ou bom senso entre nós - e ver decolar, pela enésima vez, minha tentativa pra que tudo fique bem e a gente não se odeie. Aquele "Tá louca, menina?" assim que vi o carro chegar perto da minha esquina resume bem demais todas as proporções com que você me mede; foi eu rasurar os limites uma vez sequer, sem tratamento, e nunca mais os seus olhos voltarão a me enxergar como a "namoradinha gata do Sul", que é nova mas manja horrores de cultura, história da músicas, tendências de moda. 

Há dias em que acordo e perdoo você de tanta burrice - sim, burrice, como chamei a recusa do nosso fim na omeleteria do Itaim Bibi, como volto a nomear esse afastamento sem explicação. Medo do apego? Pavor das loucuras de uma hora e outra? Falta de paciência frente a tanta sensibilidade? Decidi enfiar ainda mais a cara no trabalho e começar a correr pela Av. Paulista, pra ver se desencano, faço uma grana, não enlouqueço. Há noites em que quase questiono, pela última vez, pra onde foi aquela paixão que quase nos deixou doente, se é assim com todas, como cultivar tanta frieza sem congelar. Desisto. Por ora, torço pra que esse ponto final se torna um outro nome próprio bonito pra que eu coloque em título de texto e chame pelo diminutivo. Pra sempre, sei que vou voltar a ter seis anos de idade e acreditar em milagres toda vez que a gente se ver. 



23 coisas a que você não é NADA obrigada

9.26.2015 -


Listinha que coisas que eu não sou obrigada - e nem a sua mãe, a sua melhor amiga, você, miga (pra eu lembrar e vocês não esquecerem. incluam as suas não-obrigações nos comentários!):

- Acordar às 9h em pleno sábado cinzento e chuvoso

- Responder mensagem de quem responder 12h depois

- Comer saudável no final de semana

- Se estressar com falsiane

- Resolver burocracias chatíssimas

- Gastar bons looks quando você vai só ao mercado da esquina

- Ir num aniversário de uma pessoa muito legal mas onde só vai ter gente chata (se a pessoa for sua amiga mesmo, ela entende)

- Poupar todos os dinheiros do mundo

- Cuidar da alta do dólar/euro

- Se segurar pra não ir atrás de boy

- Ler e-mails/mensagens sobre um reencontro da escola

- Discutir política com qualquer familiar sobre política

- Se adequar ao horário alheio (homens, amigas, parentes, etc.)

- Ver filmes sérios e cultos pra não perder a pose

- Pensar em estratégias de trabalho

- Manter o cabelo bem penteado

- Ir dormir antes das 2h

- Maneirar no vinho

- Não tirar o pijama durante o dia todo (ou, recolocar depois do banho, ou vestir outro)

- Se interessar minimamente sobre o show da Katiane Peri no Brasil

- Ouvir a palavra do Senhor

- Assistir filme bad vibe no Netflix

- Socializar com vizinhos que não cumprimentam

- Nadica de nada, baby.

E se baterem o pé volta aos cinco anos: me obrigada, quero ver!



Rolê do "eu tô gorda" primaveril

9.24.2015 -


1. Acordei. Não tem pílula pra tomar, o que indica que daqui uns dois, no máximo três dias meu ciclo desse mês deva vir - se deus e o meu corpo cooperarem! Tomo um leite fermentado e ligo o computador. Enquanto a tela está preta e se prepara para inicializar, me vejo no reflexo e um grande estalo surge: tô gorda. Tô imensa. será que eu tô grávida?

2. Bom, agora que eu vi o tamanho todo que eu tô, melhor nem comer muito no café da manhã. A granola com mel e iogurte de aveia num potinho pequeno, tá ótimo. Esquece aquelas cinco bolachinhas integrais contabilizadas de toda manhã (sim, em número certinho pra que não ultrapassem as 200 calorias). Sério, como é que eu fui me deixar ficar redonda assim? Caraca.

3. Miga, sério, eu tô balofa. E oleosa; um pouco pelo calor, outro tanto pela minha propensão, aliada à franja curtinha - o combo da pele ruim. Mãe, por que diabos você não me avisou? Não deu pra ver no vídeo não? Duvido, sério. Ainda bem que eu não me peso há uns anos, se não, imagina só o desgosto dos numerozinhos aumentando, aumentando significativamente até quase explodirem. Tá explicado porque o Fulaninho não me quer.

4. Hora do banho. Sempre uma tensão a hora de despir o pijama, depois a calcinha e ter que lidar com o pedaço de barriguinha que nunca tive. Será mesmo que não é o meu fluxo sanguíneo que anda aumentado? Sabia que era pra abortar aquelas sobremesas todas da firma depois do almoço, são as ciladas da minha alimentação. Os doces, arqui-inimigos de um corpo de Yasmin Brunet que muito gostaria de desfilar por aí. Eu não tinha esses nacos de pele. Nem esses peitos enormes, credo. Tô gorda.

5. Preciso emagrecer. Sério, a próxima semana todinha vai ser sem qualquer chocolate na boca e no mini pratinho do almoço, apenas carnes magras, saladas e legumes, frutas para o lanche da tarde. Não posso me descuidar desse jeito, que desleixo. Quero ser chamada de gordinha? Não, óbvio que não. Querem coisa mais falsa que o adjetivo "fofa"? Eca. Na boa, eu preciso começar a acordar cedo, tipo 6h da manhã, e aproveitar o vazio da Paulista pra ir correr.

6. Tá decidido, é isso que eu vou fazer amanhã. Já vou ajustar o relógio pra três dias na semana e pronto. A grana tá apertada pra pagar pequenas fortunas numa academia decente aqui na Consolação. Melhor comprar um tênis e se adaptar a tanto suor, azar. Quem mandou ficar desse tamanho?

7. Olha essa celulite. Olha esse braço de padeira. Olha essa bunda de Kardashian. Incrível, miga, vai tudo pro traseiro. Como é que pode? Vê o meu irmão: dezessete anos, come e come, não engorda nada. Chega a dar vontade de sacudir pra que devolva a genética do bem que ficou pro segundo filho. É injusto, sabe.

8. Vou de vestido hoje. Que pavor colocar as pernas de fora depois de tanto tempo usando meia-calça dia sim outro também para ir trabalhar. Agora todos que me achavam gostosa vão descobrir que, na verdade, não passo de uma envolvente fraude. Agora sim é que não pego mais ninguém. Só se for rolando, claro. Há sempre essa possibilidade medonha. As roupas fecham, mas com esforço. Será que isso tudo é inchaço pré-menstrual? Posso estar à espera do Robertinho Jr. também. Tudo, mesmo ter ganho tanto peso assim sem consciência.

9. Lembra daquelas pipocas? Lembra daquelas caldas de chocolate puro? Isso, e aqueles bolos todos que você fez? É, queridinha. Comeu, engordou. Achou que ia passar ilesa porque se priva alguns dias por semana dessas porcarias todas? Nananinanão.

10. Na real, quer mesmo saber? Foda-se. Que se dane se engordei dois ou três quilos. Que vá pro espaço o que pensam as meninas do andar de revistas femininas ou o povo que pega metrô comigo todo santo dia no mesmo horário. Sigo com um cabelo de dar inveja, tão liso? Oh, yeah. Ainda me visto muitíssimo bem, gracias? Si, si. Os ossinhos do colo seguem aparecendo e são um charme? True story. Então, que se dane esse papo todo. Trabalhando tanto, correndo por aí em dobro e enfrentando um zoológico por dia, é o mínimo. Ou, como diz minha mãe: o que importa é que tenho saúde - pra dar, vender e tirar uns nacos de gordinha do antebraço, da papada, do culote, se possível, por favor. Brincadeiras à parte, os horários de corrida estão marcados e hoje lanchei peito de peru, queijo e mamão durante a tarde. Que ao menos o resultado dos exames de sangue esteja fit no próximo mês.



Fofura do dia: seu Zé

9.23.2015 -

O seu Zé é o porteiro da noite aqui do prédio. Entre as fofices que ele já desempenhou, estão: o dia em que ele me ofereceu um pedação da pizza que tinha ganhado - e quase me obrigou a sair da dieta - e outro quando elogiou minha jaqueta de couro num dia frio demais. Ah! Ele também já compartilhou comigo a tristeza do último capítulo de qualquer novela que assistia na Band (único canal que pega na tevêzinha da bancada onde fica) e algumas lembranças do seu Nordeste. É uma peça rara.
Hoje cheguei do trabalho e o vi concentrado. Cheguei mais perto, larguei a sacola de papel pardo que carregava no colo e fui em busca da chave do apê. Vi que ele fazia contas: das mais simplinhas, de subtração, soma e multiplicação. Pensei em não falar nada. Não me contive, pra variar:
"Tá estudando, seu Zé?"
"Tô sim, voltei pra escola!".
(Ele sorriu, eu sorri primeiro por dentro e depois fisicamente, confesso)
"Poxa, que bacana. É perto de onde tu mora?"
"Ish, é nada, é lá no Cambuci. Mas eu não perco um dia só!"
"Isso aí, gostei de ver!"
"Sabe, esse ano eu vou fazer a terceira e a quarta série. Daí ano que vem a quinta e a sexta, depois sétima e oitava, e assim vai indo. Quero fazer mestrado e doutorado!"
(Tudo isso enquanto o elevador não chegava. Descendo do décimo terceiro até o térreo. Por mim, que não chegasse nunca mesmo. Eu tava realmente maravilhada em ver alguém tão apaixonado por uma matéria que quem teve todas as oportunidades possíveis de aprender desdenha por aí)
"Uau, que ótimo! Já sabe em que?"
"Ish, sei não, mas eu vou descobrir! Meu sobrinhos são tudo médico, engenheiro, esse ano quando eu 'subir' de avião vou tá sabendo tudo!"
"Boa, gostei de ver! Bons estudos, seu Zé!"
Chega o elevador. Preciso me despedir e subir (pra minha casa), ele precisa voltar a tentar descobrir quanto é 875 menos 230. Se deus existe mesmo, ele com certeza esfrega a felicidade de gente simples na cara de quem ainda se digna a reclamar, do pedestal dos privilégios (sim, euzinha). Seu Zé, eu esqueci de dizer, mas o "senhô" já tem diploma de fofo do ano e ensinante de realidades por aqui, viu?





Duas de mim

9.22.2015 -

Pensei em começar esse texto me apresentando, como de praxe: nome, idade, onde moro e os demônios todos que encaro dia sim, outro não - ipsis litteris. Contudo, apresentar o transtorno bipolar tipo II talvez seja bem mais eficaz que apenas narrar a minha (angustiada, sonífera, incansável, mórbida de novo) história. Prendam os cintos.

Há semanas em que a Camila ativa se apresenta. Ela ama seu corpo cheio de curvas e sente prazer em se ver de short curto, a cintura delineada, as coxas um pouco bonitas em meias-calças coloridas. Sai pelas ruas de mochila nas costas e cabeça erguida, nariz empinado, olhos no horizonte das nuvens: equilibra com maestria a coroa imaginária que carrega sob os cabelos louros-dourados-cinzas. 

Se é pra encher o copo de cerveja, que seja no mínimo dez vezes. Se for pra ir pra cama com qualquer um, que seja pra transar até pingar suor. Já que é preciso trabalhar, que o esforço recompense com horas intermináveis onde só um cansaço de tremer pálpebras interrompe. Essa Camila é desbocada e intensa, visceral e impetuosa, petulante e assertiva. 

Gosto dela? Acaso não fosse tão "hoje, aqui, agora", quem dera não sentisse o álcool tão encorajador enquanto corre nas veias, os poros do outro tão regeneradores quando faz sexo, a agitação animada quando compra. Fala rápido, se irrita com facilidade, perde as estribeiras, os limites, a mão e os documentos; nada maléfica, totalmente afobada.

Essa Camila sofre? Ô se pena! Quando em mania, mesmo que o mundo pareça um lugar pequeno pra tanta vontade a ser morta, sozinha se vê entediada, cheia de ideias paranoicas e sem paz. E é aí que a Camila deprê faz a sua entrada. Ainda que prefira ficar na coxia, essa versão de mim mesma manhosa, sonolenta e sem desejo algum se alimenta de falhas para ficar no protagonismo cada vez mais tempo. 

Se eu tivesse que nomear uma vilã, seria toda essa passividade da Camila que fala pouco e se esconde da sociedade pra afundar em si própria - é assim que tende a ser, mais tristeza que raros períodos de agitação perturbadora. Ou, se embananar na própria aspiração de dominar o mundo para depois se ressentir de não ter conseguido e hibernar por tempos profundos. No mínimo complicado.

A Camila deprê é estática, vagarosa, quase um vegetal. Os banhos, que tanto ama tomar todo santo dia - às vezes, pela manhã e logo antes de dormir - somem da rotina. Impraticável sair de casa, ver tanta gente pelas ruas, interagir com estranhos. Realizar atividades insuportáveis? Impossível. Dormir, dormir e dormir: é apenas isso que esse protótipo nada eu se materializa. 

A impotência que a mesma deposita sob meu corpo depois se transforma em culpa e ressentimento, burocracias adiadas e mais burocracias para curar estas outras. Ela é expert em bolas de neve e criar situações onde se encasula no momento da resolução. É meio esculhambada e preguiçosa, pessimista e doente; insere a fome de vida nos alimentos e os degusta como se o amanhã tampouco fosse chegar. Se existe uma Camila que me faz querer desistir dos dias, é essazinha. 

Entre o Lúcifer e o demônio, há raras fases onde me sinto no controle das situações e com as rédeas da vida em mãos. Geralmente, é quando estou me tratando. É preciso tirar sangue todo mês? É. É necessário acompanhamento médico? Com certeza. Duro viver à base de estabilizadores de humor? Um pouco. Contudo, eficiente - recompensador, eu diria. 

A bipolaridade, ao passo que é algo seríssimo, é um distúrbio que não merece diminuição e nem status quo. É muito menos problemática que as novelas apresentam, porém, requer mais cuidado ao lidar com alguém tão vulnerável. Meu nome é Camila, eu tenho 23 anos e tenho transtorno bipolar tipo II - o mais brando, contudo, o menos grave, ainda bem. Eu enfrento um demônio por dia, mas trabalho, vou ao mercado, estudo, me relaciono e escrevi até aqui sem extremas emoções. Estou bem.



5 maneiras de acordar felizona!

9.21.2015 -

Eu costumava ser uma pessoa matinal - sempre estudei cedo, nunca fui grande fã de cochilos e apresentava uma energia fora do normal. Até que comecei e estudar e trabalhar. E então, trabalhar muito, sempre conectada online e atrás de bons resultados das mídias. Isso minou aquela menina disposta e que enfrentava manhãs congelantes no Rio Grande do Sul. Aqui vão algumas dicas para recuperar a donzela indefesa que adora levantar com os pássaros - ou inventá-la, caso você seja desses haters das primeiras horas do dia:

1) Desperte junto com o sol
Quando você levanta junto aos primeiros raios do astro rei, seu corpo envia uma mensagem que para a melatonina; o hormônio responsável pelo sono, o que vai impedir que você se sinta sonolento. Isso funciona para mim: quando acordo no meu quarto, já cheio de sol e luminosidade, significa que é hora de ir brilhar lá fora também.

2) Esqueça a soneca
Não enrole! Nada de ativar o botão soneca e abusar dos cinco minutinhos a mais - que acabam virando dez, quinze, vinte e quando damos por si, uma hora se passou nesta brincadeira. Além disso, nosso cérebro sabe tudo sobre nossos padrões e comportamentos, pelo visto: quando selecionamos essa função, ele entende que o corpo precisa dormir mais (o que talvez seja verdade). Contudo, não é o sono reparador que se apresenta aqui, mas sim aquela soneca que mina e suja o seu ciclo. Você vai acordar mais cansada que se tivesse levantado de uma vez só!

3) Música, dj!
Aquela música animada, aquele som gostoso de ouvir. Vale até mesmo ligar a televisão e dar o play naquele dvd animado da Amy Winehouse ao vivo em Londres, de 2007. Ligue o som assim que levantar e estiver de pé. Faça suas atividades matinais, como tomar banho e degustar o café da manhã enquanto a escuta. O Spotify está recheado de boas playlists, o que mantém você independente da escolha de que faixa virá à seguir. Você vai fazer menos associações negativas com o fato de que precisa acordar cedo, se sentir mais otimista e estar ocupada demais dançando pela casa enquanto se arruma.

4) Água, água, água, água mineral
Enquanto dormimos, nosso corpo trabalha. Porém, nem todo ele desempenha suas funções durante o sono. Beber água logo cedo é ótimo, pois ativa os órgãos preguiçosos e avisa: ei, estamos aqui, podem começar a labuta! Além disso, com o corpo hidratado, você tende a ter mais energia e espantar o cansaço.

5) Desligue os eletrônicos uma hora antes de dormir
Aproximadamente uma hora antes de adormecer, desligue o computador, deixe de lado o celular, esqueça o Netflix e a televisão. Equipamentos eletrônicos são estimuladores e, por isso, pode ser difícil para o seu cérebro para relaxar para dormir logo depois de usá-los. Você verá o quão reparadoras e profundas serão as suas próximas noites de sono depois de iniciar estar dica!

Vai tentar? Nos conte depois se deu certo e você tem acordado mais disposta e feliz :) Tem alguma outra dica infalível? Deixe nos comentários, vou adorar saber!




Acordei meio libriana

9.20.2015 -

Hoje tive certeza: vou morrer sozinha. O sol à pino dilacerando as costas e roçando as coxas, a avenida Paulista lotada de casais que seguravam mãos, se enganchavam em esquinas de trânsito corrente e sorriam um para o outro por ter se encontrado de bobeira na vida. A única coisa que eu carregava era uma sacolinha plástica com remédios, a bolsa vermelha em couro à tiracolo, um mau humor do cão, tantos os amores esfregados na fuça, arreganhados de tesão em pleno meio-dia de sábado da cidade grande.

Quem diabos carregaria minhas sacolas cheias de roupas com cheirinho de recém comprados? Que cara aguentaria firme e forte a maré de surtos que a minha condição maleável traz junto do brilho de ser incansável? Existe alguém por aí, fabricado sob medida e feito à mão para segurar o tranco das manhãs ranzinzas e os chorinhos de angústia em finais de semana que chove? Tudo bem que minha criatividade acima da média e desejo de surpreender de quem tem Marte em Aquário fazem da convivência uma aventura diária, em constante transformação e rebeldia. Contudo: há número considerável de marujos dispostos a testar a arte do afeto sem cair na cafonice?

Deus, eu peço só uma prova. Uma confirmação, um recado, uma luz. Se está vivo ele, essa coisinha que anda por aí com minas não tão inventivas quanto eu, falantes quanto eu, perturbadas quanto eu, avisa que tá na hora do encontro que eu vou ali me aprontar. Caso ele viva por aqui, nos cruze pelo metrô, faça com que esbarremos no mesmo lugar de trabalho, ou enquanto saio do meu bar favorito e ele chega - eu fico para umas biritas a mais, sem problemas. Avise logo antes que essa certeza se perpetue e me torne dessas moças jovens que aparentam mais idade e criticam garotas livres que andam por aí vestidas como quem valoriza as curvas.

Se o amor for uma verdade consistente, como tenho constatado e sendo obrigada a engolir - sem chorar - em todas as redes sociais por aí, espana essa certeza pessimista, acalme o meu coração turbulento e mente ligada nos 220 volts, tire ele da cartola e trago de volta em menos de sete dias esse sossego que nunca tive. Talvez eu morra acompanhada, as mãos juntinhas, cada um em sua maca de hospital particular; uns minutinhos antes, porém, que sou ansiosa e prefiro ir antes, com a certeza de ter conhecido essa tão celebrada paz.



Tipos de babaca, parte 1

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São tantos que vai faltar número que represente essas preciosidades! Resolvi inaugurar a hasgtag #tiposdebabaca, onde vou tentar ser breve, contudo, expor aqui as características e o desenrolar que cada um deles costuma imprimir em nossa vidinha. Já liberei alguns na minha página no Facebook e vou os postar aqui também. Quer enviar algumas espécies que já passaram pela sua vida? Vale por mensagem na fanpage mesmo, vale pelo e-mail (camilapaier@gmail.com) ou até mesmo aqui pelos comentários. Aviso: a lista já está um pouco extensa! Vamos aos idiotas:

#001 O babaca da baixa auto-estima
Vocês passam a conversar. Ele se encanta e passa a querer muito levar aquele papo animo para a mesa do bar. Você tem outras obrigações, vida cheia, nem sempre pode e, ainda assim, ele fica ali; ainda pensa que, qualquer dia, embrigada, desavisada, entediada, vai rolar uma chance. Ele estava certo: qualquer dia, você se pega topando. Saem. Tudo é legal, ele é uma pessoa normal e pareceu à vontade ao seu lado. Você ficou meramente encantada com o sorriso charmoso dele e o beijo foi ótimo. O babaca fica mais tranquilo - afinal, alcançou seu objetivo - enquanto você se pergunta o porquê do sumiço. Não é possível que, justo agora que você resolveu dar uma chance, ele desistiu. Sim, é bem provável. Falamos aqui do típico babaca que dá voltas e voltas em torno do próprio rabo: só é apaixonado por você até que você não seja por ele. A graça, o desafio e a excitação de se sentir rejeitado precisam existir aqui.

#002 O babaca que não assume a mina
Você o conhece na balada: soltinho, copo na mão, grupo de amigos cheio de risadas altas. Ele se aproxima com qualquer cantada medíocre. É bonito, charmoso, mas você nota o traço de babaquice de leve. Resolve levar o papo adiante, afinal, vai que no fundo ele é um cara bacana com máscara de idiota? Enfim: trocam contatos, se adicionam nas redes e se falam quase todo dia. Estranho, ele tem uma foto com uma menina, a legenda não diz algo exatamente amoroso, se tá no rolê e chegando em outra, deve ser amiga, né? Mais conversa. Convites. Quer ver você. Ainda essa semana. Sua amiga pergunta o nome dele e dá aquela stalkeada mais profunda: "Meu, cê notou que uma menina comenta todas as fotos dele? E que ele retribui? E eles tem várias fotos juntos, inclusive uma na cama, acordando, meio pelados?". É, ele tem alguém. Você pergunta, educadamente. Ele nega, é um casinho antigo apenas, poxa vida. Mais foto romântica. Mais amigos do suposto casal comentando. Você cai fora - não tem como. Deixa de responder as mensagens dele, enfurecido com um corte desses que está desacostumado a levar. Ele segue importunando. Sem assumir ela, implorando por uma reposta sua, ainda publicando imagens e expondo a garota. Nojo é pouco pra tanto desrespeito e falta de noção. 

#003 O babaca anulador de qualidades
Vê bem: ele quer ficar com você. Quer, sim. Chama pra date legal, conversa sobre amenidades, não desmarca no dia - atualmente, uma bela qualidade. Mas, ao recém chegar no lugar combinado, começa a sessão de descarrego: seu emprego? Abaixo do mercado. Sua faculdade? Hm, tem melhores. Você diz que anda vendo apartamentos no centro da cidade. Um lixo, ele acha. Isso sem falar no autocontrole, que você precisa exercitar, menina. E também no seu cabelo, que era melhor mais claro. No quanto você emagreceu e tá faltando carne. Mas ainda assim, ele quer você, viu? Fala essas coisas pro seu bem, pra que você "aceite" toda a maravilhosidade que o rapaz tem a oferecer. Bleargh.



Pai,

9.19.2015 -


Por que a gente mal se fala, pai? Tudo bem, tudo bem que tivemos um zilhão de brigas passionais e momento descontrolados ainda quando morávamos juntos. Mas e as cervejas, e vinhos e roques e jogos de futebol compartilhados? O importante é que sempre tinha Madonna e Neil Young, Grêmio e vinho barato da Serra Gaúcha, cerveja e a melhor pipoca de panela do mundo - a sua.

Pai, eu entendo: a frieza da vó, a falta de tempo do vô, o número extenso de irmãos meninos disputando carinho dentro dessa equação toda. Então, o amor precoce com a mãe, o meu nascimento ainda com você tão jovem, a some de filhos que veio depois. Os negócios, que um dia foram tão bem, hoje já estão capengas; o comércio, essa expansão dos anos 90. A loja anda meio vazia de malas onde poderia fazer, tal qual uns vinte anos atrás, cabanas cujo teto era feito de guarda-chuvas enormes. Uma tristeza.

Há esses dias, em que questiono a falta de ligações, a inexistência de mensagens e o buraco masculino que você esvazia quando opta pela solidão que só os lobos rebeldes compreendem. Eu sempre fui mais parecida com você e, talvez por isso, te perdoe com tanta facilidade, assim como também busco de maneira até incansável alguém que supra esse quarto escuro. Eles quase nunca têm o seu senso de humor, amam verde e sabem beber como a gente. O gosto musical quase nunca é compatível. Tenho quase aceitado que talvez seja melhor ficar sozinha.

Hoje é sábado. Não tenho nenhum plano diferente de torcer pro tricolor dos pampas, treinar minha pipoca numa panelinha pequena (apenas pra mim) e beber Amstel Lager que comprei pela manhã no super. Saudade é um troço passional, subjetivo - e diário.



13 spoilers para a Camila de 13 anos

9.17.2015 -

A Camila de 13 anos de idade -  que ingênua era aquela versãozinha espinhenta, cheia de hormônios, poros, cabelos e inseguranças de mim. Bem, se hoje eu tivesse que dizer algumas coisas pra mocinha dez anos mais nova, seriam elas:

1) Você vai continuar pensando muito no amor, nos boys, em como fazer pra conquistá-los e vai se meter em muita paixão furada ainda (muitas, muitas mesmo!).

2) Você vai odiar se depilar com cera, porque a moça que fez isso pela primeira vez não manjava tanto dos paranaues de como puxar sem matar alguém de dor, e etc. Mas, logo, daqui uns cinco anos vai ser difícil viver só de lâmina e você vai fazer boas amigas nas moças que se encarregarão de extirpar os excessos capilares do seu corpinho.

3) Você vai emagrecer! Sim, sim! Para de se olhar no espelho pelada achando tudo errado, uó e a coisa mais nojenta do mundo. Seu corpo é maravilhoso e, ainda bem, logo você vai começar a achar isso também. Posso te dizer com tranquilidade que você vai reaprender a comer, adorar granola pela manhã e ver que exercício faz bem, inclusive pra sua insônia.

4) Aquela sua melhor amiga inseparável vai seguir grudada uns anos em você, porém, mais pra frente você vai ver que cês nem tinham mais nada em comum e ela vai parar de falar com você porque o namorado da vez mandou (sim!). Spoiler: eles nem ficam juntos por muito tempo, não. Ela é quem perde nessa.

5) Porto Alegre parece maravilhosa, aconchegante, cheia de gente linda e lugares incríveis, contudo, você ainda vai vir morar numa cidade bem mais caótica, elétrica e "daora" :)

6) Você não vai sair de casa assim que completar 18 anos, pelo contrário; eu sei, conheço bem essa pose de mocinha mandona, contudo, muitas águas irão rolar e é só bem mais pra frente que cê vai resolver (e ter grana para) sair da barra da mãe. Sorry.

7) AINDA BEM que você nunca tatuou fada nenhuma, nem o símbolo do Grêmio, nem as palavras 'famiglia' ou 'ohana'. AINDA BEM, mesmo. Você se arrependeria. Sabe aquele piercing no naring com que você sonha e pelo que você seria capaz de morrer? Vai rolar. O do umbigo não, outro pra levantar as mãos pro céu e gritar aleluia!

8) Todos os meninos que você gosta na escola voltam atrás. Todinhos. Vai de você querer dar uns pegas num e noutro aqui e ali, mas nada sério, afinal: você nota - ufa! - no futuro que ele nem eram grande coisa assim. É um momento de vitória pessoal, aproveite.

9) Você ainda quer ser juíza? Colocar o mundo em ordem? Fazer e acontecer? É, você ainda vai ser mandona e fazer uma galera tremer na base, mas gata, desiste. Não sou eu quem vai te dizer e obrigar a isso, mas, sim: a vida. Quando você completar a maioridade, um encontro com uma astróloga importante vai mudar o rumo de tudo - escute ela, pelo amor do senhor!

10) Você vai seguir bem ruim nos esportes coletivos, mas irá gostar um pouco de academia. Tente começar a correr, vai te fazer bem. Invista na sua saúde e pare de ir almoçar na casa da vó Irene pra comer sorvete e porcaria. É pelo seu bem.

11) Você vai seguir menstruando e achando isso um saco, eu sei. Vão inventar uma alternativa ao o.b. e aos absorventes, você vai descobrir a maravilha que a pílula anticoncepcional faz ao diminuir seu ciclo. Porém, a menstruação segue sendo um alívio (não há bebê) e uma tortura (sangue, sangue, sangue).

12) Você não vai ser rica. Aliás, é bom que você aprenda logo a melhorar sua relação com o dinheiro. Evite se tornar uma pessoa consumista, evite comprar por impulso, evite, evite. Aos 23 você vai estar, finalmente - e, depois de muitas indas e vindas - no caminho certo, contudo, longe de se bastar, ter a carteira cheia e conta no banco estourando. Quem sabe daqui uns anos.

13) Você vai continuar autêntica. E essa é a melhor notícia! Você não vai aprender a tocar nenhum instrumento, vai seguir péssima piadista e com aquela tendência ao sofrimento de sempre. O gosto musical melhora - e muito! Todos os livros que você, adolescente reclusa, lerá nessa fase surtirão efeito mais pra frente. Seu cabelo vai dar uma clareada, seus irmãos vão virar adolescentes rebeldes, seus pais continuarão casados. Você ainda vai preferir gatos, achocolatado, calorão e roupa curta. Eu vou continuar tendo saudade de tantos sonhos inocentes.



Ele não está tão afim de você? 13 possíveis porquês

9.15.2015 -


Colagem de Javier Piñón

Às vezes a gente fica tão afim de um cara que não consegue acordar pro fato de que, talvez, lá no fundinho - ou, na nossa cara - ele não esteja tão (ou nem um pouco) afim da gente também. Dói, é um lugar triste, úmido e escuro dentro do dia cair nessa realidade tão cruel. Mas, que saber mesmo por que talvez esse rapaz não esteja na sua? 
Na maioria das vezes nem é culpa da criatura, maldade ou algo pessoal. Não. Ele pode não querer você porque:

1) Porque ele é cego. Porque tem caras que, por mais que a gente esfregue na cara deles como somos gostosas, sensuais, bem-vestidas, espertas e profissionais, eles continuarão a pouco se importar com a nossa existência.

2) Porque ele já é bem apaixonado por outra mina. Acontece. E, nesse caso, nada melhor que respeitar - vale fazer o exercício de lembrar que pode muito bem ter uma miga com o coração em frangalhos por aquele boy que você mal dá trela e nem cogita ter algo.

3) Porque ele não quer. Simples. Tem vezes que algumas pessoas se fecham e, por mais que o inconsciente queira estar junto, partilhar bons momentos, viver coisas espetaculares, o monstrengo frio da razão chama de volta e diz: não, fica na sua, fica longe, ignora as mensagens e o recado tá dado. Uma lástima, eu sei.

4) Porque ele não sabe o que quer. E isso, na maioria das situações, é até pior que o decidido que cai fora logo e não alimenta ilusões. Esse cara geralmente ainda vai machucar você um pouco até "decidir" se vale a pena dar uma chance, o que é injusto, você há de concordar.

5) Porque ele é burro. E aqui, ele vê todas as suas qualidades, o seu desejo, a química bacana de vocês. E o que ele faz com isso? Aparece com outras meninas na sua frente, dá perdidos esdrúxulos, reaparece depois de semanas. 

6) Porque ele é egoísta. Você merece estar ao lado de alguém que só está afim de si mesmo? Que se olha no espelho de dez em dez minutos como se fosse a última maravilha inventada? Cujos pensamentos são laterais, única e exclusivamente sobre as regras da alimentação dele mesmo, a carreira que almeja, o que vai vestir naquela festa no final de semana, as atividades que dão prazer. Não, né? Se poupe.

7) Porque ele é babaca. E caras babacas perdem sexos incríveis. E deixam esmigalhar pelos dedos minas da hora, e se arrependem só quando velhos, solitários, barrigudos ou presos ao lado de uma criatura que nada tinha a ver com eles.

8) Porque ele não suporta minas bem resolvidas. Que queiram só sexo e tchau. Que saibam se comunicar com decência. Que sejam diretas, retas e tão parecidas com ele que, assuste.

9) Porque você está afim demais dele. E ó, que crime, numa época tão moderna demonstrar sentimentos, chamar para sair, deixar as cartas todas na mesa por pura falta de paciência pra esperar o próximo movimento que vem do adversário. Os cavalheiros do século XIX, eles ainda andam às soltas por aí.

10) Porque vocês são muito diferentes. Afinal, como conversar sobre rock com alguém que curte Sambô? Por quanto tempo permanece viva uma relação onde um seja reaça e o outro, coxinha? Há como sair e manter a paz com alguém que bebe drink, quando se toma apenas cerveja e vinho? Mistérios dos caras que deixam de ficar afim quando se tocam que não iremos em balada ruim com eles.

11) Porque ele não é afim nem dele mesmo. Há muitos caras por aí que mal cuidam deles mesmo. Drogas demais, peso em excesso, bebidas toda santa noite, vício em trabalho ou falta de capacidade de sentir as mais simples emoções. Como esperar que um ser humano que mal cuida de si mesmo vá fazer bem a alguém? Pense, seja razoável: raramente (nos filmes e seriados apenas) tem como.

12) Porque você é maravilhosa. E alguns - pouquíssimos - caras ficam tão abismados com esse poder pessoal, personalidade singular, charme de moça sabida que travam, se veem sem saber como agir e correm pras colinas. Cabe a você decidir se vale a chance a alguém tão sem coragem pra enfrentar o mundo.

13) Porque às vezes, mil caras errados tem que ir embora pra que um bacana chegue. É como um jogo de carta: há momentos em que você tem uma mão horrorosa e pensa que vai perder o jogo. Até que, de repente, uma cartinha certa chega quando a gente já perdeu as esperanças e é capaz de reverter o rolê todo. Vamos acreditar, por favor! :) 


Amy, Amy, Amy

9.14.2015 -


Amy, hoje no trabalho eu escutei muita bobagem a respeito de você, dos seus exageros, da sua morte. Tenho tentado aprender que nem todos são empatas por si só, tenho ficado mais quieta que feito fumaça e me enfiado em discussões improdutivas. Poucas pessoas me passam a sensação de sofá da sala, que é mais ou menos essa: se conhecesse ao vivo, em cores e olfatos, poderia fazer um zilhão de perguntas que soariam pertinentes e ter conversas bastante produtivas. Você, por certo, está dentro das transloucadas que tanto admiro por aí. Fique sabendo que este é um elogio e tanto - afinal, são poucas.

Amy, você se foi logo quando sentada naquela curva onde todos acreditávamos: ela tem melhorado, está mais coradinha, vai sair dessa. Estarreci ao ligar o netbook e presenciar que era real, que você tinha finalmente entrado pra turma dos legendários que abandonam a gente cedo demais, aos 27 anos de idade. Quem mais vai cantar sobre caras que são bem mais velhos e deveriam ser mais fortes que a gente, mas não passam de uns medrosos? A que moça você passou o bastão pra contar o quão horrível é ser uma perdedora nos jogos de amor? Tem alguém por aqui que inspire força, autenticidade e rebeldia suficiente pra falar sobre o luto negro dos relacionamentos que precisam acabar? Ainda busco tateando, no escuro, e tudo que escuto não tem três pinguinhos da sua originalidade. São banais.

Amy, por que é que a gente acorda sempre sozinha quando é forte demais? Amy, tem alguma cantorinha que procure o amor na plateia e sussurre "eu te amo" antes de começar a música? Amy, é difícil se manter o dia todo ocupada pra não surtar, eu sei, bem que sei. A gente se levanta, limpa a casa - ao menos não estamos bebendo, lembra? - e faz um esforço descomunal pra ser normal; chega a dar medo. Amy, no fim das contas: eu, assim como esses nossos corações selvagens, também prefiro ser inquieta. E é por esse motivo mesmo que eles todos sabem que a gente não é boa, não o suficiente pra mesmice que todos tão acostumados.

Amy, a gente para em determinado momento da vida de se auto-enganar? Como faço pra fugir correndo de salto na mão desses caras que só querem jogos, lances de uma noite ou aventuras esporádicas? Amy, deságua aí em alguém que escreva verdade, que narre cotidianos desses que se entregam demais ao playground sinuoso que é a vida. Vai, encarna aí numa senhorinha, na menina negra que tem timbre, num rapaz que compreenda a alma feminina ou seja também um impulsivo e envia pra nós suas visões de alma que segue viva na memória alheia, nos botecos de esquina, nas ruas mais cabulosas de cidades caóticas.

Amy, Amy, Amy: feito um desses feitos astronômicos que passam pela Terra uma vez que outra, anos após anos, nos resta sentar e esperar tanta energia criativa bem desperdiçada surgir por aqui outra vez. Amy, tem esses quadrados que se disfarçam de admiradores, tem esse povo que crê mais no que lê por aí do que nas letras que tocam e nas notas escolhidas a dedo, mas a real é que a gente sente falta da sua presença de palco, da sua maluquice urbana, da falta de jeito que acabou se tornando jeito demais e, depois disso, mais nada. Você nem disse adeus com palavra nenhuma, mas nessa época quem morre centenas de vezes somos nós. Infelizmente.



Levante o domingo em 13 passos simplinhos

9.13.2015 -


Miga, eu sei: hoje você não quer sair da cama. Tá friozinho, a ressaca de ontem tá sambando aí pelo seu corpo, o Netflix nunca pareceu cheio de coisas interessantes. Pois é, mas e como criar novas memórias se você não sai do sofá pra cama, da cama pra cozinha e, de novo, pro aconchego estofado da sala, em looping? Ó, faz assim, ó:

1) Espreguiça o corpo, na cama mesmo. Fecha os olhos, esfrega o parzinho de bolitas, se precisar. Você tá viva e tá cheio de rua lá fora querendo ser pisada pelos seus pezinhos de boneca!

2) Levante. É a parte mais complicada, contudo, levante. Não pra beliscar qualquer outra bolachinha integral com geleia de morango, mas pra ir pegar a toalha e ao menos preparar o banho.

3) Entre no banheiro, ou espere alguma roomie sua sair, caso ele esteja ocupado. Porém, entre. Ligue o chuveiro logo, se estiver frio (a sensação quentinha do ambiente vai ajudar você a relaxar, vai por mim). Tire as roupas, calmamente. Vá se molhando aos poucos e logo depois mergulhe a cabeça de olhos fechados, vale até pensar que as gotinhas que caem lá de cima estão regenerando esse dia, essa fase péssima, usted.

4) Passe o sabonete pelo corpo como se você fosse se encontrar com o Príncipe Harry - aquele gato! - e o shampoo nos cabelos como se a mocinha que ajuda o seu cabeleireiro estivesse de serviço hoje - na sua casa, dando aquele tapa que só lavagem do salão tem poder.

5) Use o seu sabonete para o rosto imaginando o quão limpinha e linda sua pele vai ficar (o mesmo vale para o sabonete íntimo e pra lavar a amiguinha debaixo, verdade).

6) Desligue o chuveiro quando você sentir que o peso dos ombros se foi junto com as impurezas ~da carne~ (claro, vale cuidar a água do planeta e etc., entretanto, 15 minutos de relaxamento são super necessários e possíveis!)

7) Seque o seu corpinho como se fosse a nova pedra preciosa do Harry Potter que você precisa polir, cuidar e zelar.

8) Muito bem, fico feliz que você tenha chegado até aqui! Já é uma vitoriosa. Agora, passe um hidratante bem cheiroso pra esse date da vida que terá consigo merda, é importante. Devagarzinho, olhe pro seu polegar do pé, analise quantas pintinhas fofas você tem aí pelo corpo, poxa, cê não é uma diva? Eu super sou.

9) Coloca a rainha Beyoncé aí pra se animar, vai. Pode ser também a RiRi Badgal (aka. Rihanna), ou a Demi que anda destruidora, Seleninha Gomez e Miley são duas que colocam pra cima também!

10) Agora, olhe pra sua arara de roupas. Quanta coisa incrível e que você mal tem usado, né? Poxa, então escolhe algo bem diferente, colorido ou até zuado. Vale montar um look que a correria das banalidades não te permite usar, vale se arrumar todinha pra si mesma, afinal: quem pode ser mais importante?

11) De pé? Arrumadinha? De estômago vazio? Aí não, hein! Bom, se você não comeu nada e está com preguiça, vale ir naquele café charmoso do bairro (se dá esse presente, mona) ou pegar algo pro almoço aí pertinho. Comer como uma rainha: você merece, um dia nesse final de semana, sim. Supermercado é um rolê que eu amo, mas sei que tô alone nessa, risos.

12) Pense no lugar onde você mora: quantas lojinhas incríveis, cinemas escondidos, floriculturas de esquina, bares cults, pessoas interessantes têm por aí - e você sequer se dignou a turistar -? Um bocado, aposto. Se você morar num local mais afastado, pegue o carro, a bike ou o transporte público e se despache pra um parque bonito, um centro cultural cheio de atividade ou a casa uma amigona mesmo

13) Tudo bem, caso você tenha sentido preguiça só de ler essas diconas todas, também não tem tanto problema assim, vai. Amanhã é segunda-feira, o caos do trânsito volta, a correria das suas horas também e nada melhor que ver o jogo do time com canja de galinha e pijama de flameja no sofá da sala, uai.



Lista pra lembrar que mesmo ignorada você é sensacional

9.12.2015 -


Pois é, o boy lixo leu. E não respondeu. Ou deu aquele migué lendário que a gente nem se digna a cair mais. Acontece, acontece. A gente fica se achando a otariane do rolê, né? A trouxa do milênio, a burra do século, a babacona da parada. Sabe por que, criatura maravilhosa, você não é nada disso não?

- Cê tem coragem pra chamar o boy que seja pra fazer o que você tá afim

- Cê confia no seu taco, ainda que lá no fundo, mesmo que num cantinho escondido onde a gente não enxerga às vezes

- Cê tentou e foi dormir livre, leve solta e sem dúvidas

- Cê pode ir pra outro boy/mina com a consciência que fez de tudo e o caminho tá mais que livre

- Cê poupou de se depilar de última hora e ficar com os pêlos meio àsperos na próxima semana

- Cê pode transar com quem você quiser hoje sem estar destruída pela noite de ontem

- Cê se cuida, cê toma banho todo dia, cê come orgânicos, cê dá bons conselhos pras amigas, cê é diva

- Cê não deve nada pra ninguém. E muito menos, em pleno século XXI, é obrigada a esperar atitude alheia!

- Cê é dona da sua pepeca e pode escolher pra quem vai liberar a brincadeira

- Cê dormiu pra dedéu e foi ótimo e aproveitou pra regenerar a pele ainda mais lacradora por aí.

E ele (ou ela)? Bom, ele perdeu uma noite de sexo épica, perdeu de receber nude esporadicamente, perdeu de beijar a sua boca bem cuidadinha, perdeu de falar umas sacanagens e se excitar, perdeu o toque de pele bom que incendeia e também qualquer argumento futuro.
Parece que temos uma vencedora na vida, não é mesmo? :)



Lista pra não chamar boy lixo

9.11.2015 -


Eu sei, eu sei, eu sei: é sexta-feira, mas a chuva tomou conta da cidade e inundou também qualquer vontade de sair e sentar num bar ou mexer o corpinho numa balada hipster da cidade. Bate aquela angústia horrível de enviar uma mensagem praquele cara tão babaca mas que é bom de cama. Ao invés disse, para te lembrar - e me lembrar também - há uma lista de coisas que você pode fazer até se distrair e não bancar a maluca:

- Fazer pipoca pela primeira vez sozinha numa panela média, afinal, só você vai comer
- Cozinhar panquecas de banana
- Lavar o resto da louça que você tinha sujado de manhã
- Guardar a louça que você lavou ontem à noite
- Assistir Homeland (ou Narcos, ou House of Cards, pode ser Girls ou Game Of Thrones)
- Criar listas engraçadonas no Spotify que ninguém vai ouvir
- Beber vinho branco gelado que tá há semanas na geladeira
- Ver que tal fica a mistura suco de uva integral maravilhoso + vinho branco
- Colocar um pijama quentinho pra se sentir abraçada
- Entrar no Twitter e ver se tem mais alguma sofriane online com algum drama parecido e criar uma rede de apoio entre as duas
- Inventar uma calda de chocolate que leva: açúcar mascavo, cacau, leite desnatado e mel
- Falar com todas as amigas que entendam um pouco da loucura que é agir demais e pensar de menos
- Recitar o Hare Krishna sete vezes, de olhos fechados, inspirando e expirando entre uma e outra
- Acender um incenso e pedir paz de espírito, limpeza mental e sobriedade
- Enviar qualquer porcaria fingindo que não enviou nada e ficar com medo o resto da noite de ver a resposta pra sofrer menos, criando uma lista dessas ou alternando entre mais coisas criativas que não sejam: ir atrás de boy lixo.

(Tamo juntas? Tamos todas no mesmo barquinho, rumo ao náufrago, presas dentro de casa numa noite molhada e gelada dessas)


20 músicas para estudar História!

9.09.2015 -
Nessa foto, a famosa caminhada que o movimento negro norte-americano dos anos 60 realizou de Selma até o Alabama


Não sei se já comentei aqui, mas minha nova casa dentro da Editora Abril é a redação do Guia do Estudante. Trampo com mídias sociais, basicamente, contudo, entre uma atividade e outra, às vezes sobre tempo pra fazer algumas pautas legais! Tenho adorado fazer playlists e acho que o Spotify é ideal nesse quesito.

Entre a semana passada e essa, passei pesquisando, ouvindo, apurando, escrevendo e editando sobre músicas que são bacanas pra que os djóvens escutem e aprendam um pouco de História. Foi daora fazer todo esse rolê! Abaixo, vou compartilhar a lista de canções e o enredo por trás de algumas delas:



1. Brasil, de Cazuza
A icônica canção do poeta exagerado conta um pouco do cenário do Brasil no final dos anos 80 e início da década de 90. Insatisfeito com a corrupção, a desvalorização do empregador e o comodismo do povo, ele pede que o brasileiro mostre a sua cara – algo que ocorreu alguns anos depois, com o movimento Caras Pintadas.

2. Space Oditty, de David Bowie
O camaleão britânico lançou este single na data em que, supostamente, o Apollo 11 aterrissaria na Lua – o que ocorreu dia 20 de julho, alguns dias depois. Na música, canta sobre o astronauta Major Tom, que teria ficado deprimido durante a quinta missão ao satélite.

3. Presidente Bossa Nova, de Juca Chaves
Tido como governante de vanguarda, Juscelino Kubitschek é retratado indiretamente nesta música do sambista Juca Chaves. A simpatia e os excessos de JK não passam em branco nos versos cantados.

4. Índios, de Legião Urbana
Esta fala por si só: a música fala sobre a exploração brasileiro pelos português, o que fez do povo indígena refém.

5. Power To The People, de John Lennon
Composta em 1971, a música é um claro protesto à Guerra do Vietnã. É até hoje reconhecida como um dos hinos revolucionários mais impactantes já criados, tendo sido regravado pela banda Black Eyed Peas.

6. Eu Nasci Há 10 mil Anos Atrás, de Raul Seixas
Pode parecer mais uma composição maluca do nosso Maluco Beleza, contudo, ela está recheada de referências bíblicas e históricas em sua letra. Basta prestar atenção!

7. The Revolution Will Not Be Televised, de Gil Scott-Heron
Na tradução livre: “a revolução não será televisionada”. Gil escreveu este poema e o musicou para fazer o povo americano refletir sobre o cenário político e social nos EUA das décadas de 60 e 70.

8. Know Your Rights, de The Clash
“Este é um pronunciamento público…Com guitarra!”. A estrutura da música da banda inglesa gira em torno do direito das minorias, dos pobres e marginalizados, que na música ganham o privilégio de não serem mortos, de se expressarem livremente, de terem o que comer.

9. Um Comunista, de Caetano Veloso
Caê faz uma grande homenagem a Carlos Marighella, combatente na luta contra a ditadura, nesta obra da MPB. Exilado quando o mulato baiano morreu, narra na música o episódio da morte do líder da Ação Libertadora Nacional (ALN).

10. Hurricane, de Bob Dylan
Escrita em conjunto com Jacques Levy, é uma canção-protesto sobre a prisão indevida de Rubin “Hurricane” Carter.  Após ler a biografia do prisioneiro, escrita por Carter, Dylan inspirou-se para contar a injusta história do boxeador.

Escreve aí, rapidinho.

9.02.2015 -
Colagem de Toshiaki Ushida 


Sério. Para o que tiver fazendo e escreve. Qualquer coisa, vai. É rapidinho. Poxa, responde aquela carta pra sua avó, que há dois anos canta a pedra que esse natal vai ser último e continua mais viva que cusco bem adotado. Fala umas frases bonitas pra sua mãe nem que seja via mensagem instantânea. Liga pro seu amigo pra contar sobre a desgraça em forma de almoço que o pessoal do refeitório teve a ideia de preparar hoje. Vai doer nada, vai ser ótimo, quiçá você elimine alguns quilos de preocupação, pode ser libertador.

Na boa, digita agora. Já. Faz quanto tempo que você não decifra as letrinhas em forma do seu pai para descobrir o enigma oculto sob cada reclamação? Deixa um bilhetinho azul no bar da sua casa, no sofá atrás daquela almofada pra moça que limpa achar e ganhar o dia, cola na geladeira um coração desenhado que seja com as iniciais da sua mina, tá valendo. Mas, por favor, escreve. Em Times New Roman, Comic Sans, num bloquinho sujo de café que fica na cabeceira da cama. E-s-c-r-e-v-e.

Traça um plano e depois some com ele, grafa a sua marca, ainda que ela dure só até semana que vem. Registra o número de vezes que pensou nela, enumera as piadas ruins da sua melhor amiga. Anota aquele endereço - e o outro telefone, e a sua nova senha, o protocolo que a atendente diz -, compõe qualquer poesia; triste, sem métrica, de rima pobre ou rica, pode até deixar incompleta. Narra o seu banho, conta como amanheceu a quinta, escreve.

O que você tá sentindo. Aquele pensamento que grudou na janela do ônibus. A descrição da saia daquela senhora que usava uma mochila muito psicodélica perto do metrô São Joaquim; era verde e depois púrpura, fúcsia e então vermelho, amarelo sol com o branco que mistura todas as cores dentro. Passa a sua raiva pro papel. Filtra os sonhos na caneta de tinta preta. Pode esconder da humanidade e fingir que foi apenas um surto. Vale rasgar depois, se a cólera tomar conta. Mas, escreve. Expele. Desnuda. É rapidinho.